EnANPAD 2011

Trabalhos apresentados


A GÊNESE DA RESISTÊNCIA CRIATIVA NAS IDÉIAS DE AGÊNCIA DE CERTEAU E DE HABITUS DE BOURDIEU


Informações

Código: MKT2526
Divisão: MKT - Marketing
Tema de Interesse: Tema 06 - Marketing e Sociedade

Autores

Eliane Bragança de Matos

Resumo

O objetivo deste artigo é investigar a gênese, os elementos antecedentes do conceito deresistência, dentro do campo definido como anticonsumo. A gênese da resistência, como seprocurará mostrar, tem como princípio a noção de agência e de habitus. A crença na liberdadedas práticas anônimas, as microliberdades, e o olhar para os movimentos de resistênciascotidianas constituem, na obra Michel de Certeau, instrumentos de pesquisa capazes depermitir enxergar o que se passa nos minúsculos espaços sociais em que as táticassilenciosas e sutis jogam com o sistema dominante. O habitus, por sua vez, consiste em“um conjunto de relações históricas ‘depositadas’ nos corpos individuais na forma deesquemas mentais e corpóreos de percepção, apreciação e ação”. Trata-se de um mecanismoestruturante que opera a partir dos agentes, apesar de não ser estritamente individual, nem emsi mesmo completamente determinativo de conduta. A resistência criativa, por outro lado,como aponta Holt (2002) seria um agenciamento do consumidor que procura transformar asofertas do mercado, negando sua autoridade cultural no ditame de suas necessidades edesejos. Ao resignificar e reutilizar criativamente as ofertas do mercado o consumidorcontinuaria a individuação de seus projetos de consumo. A resistência criativa se dá, então, nabase de um conjunto de valores simbólicos reagentes ao sistema pré-estabelicido, ou seja, aum habitus que reage às condições ditadas pelo campo, no caso o mercado, resignificandoprodutos e usos e fugindo da imposição do campo. O indivíduo é inerentemente o resultado deum estruturação do habitus, práticas e valores fortemente influenciado pela cultura, incluindoa cultura de consumo, que ele não pode dispensar (Bourdieu, 1990; Thompson e Hirschman,1995). Neste sentido, a noção de agência do consumidor como definida por Certeau fica clara,uma vez que é nas atitudes cotidianas, dos sujeitos ocultos, através da micro-resistência que aresitência criativa se constrói. Como recomenda Certeau é preciso se voltar para as “criaçõesanônimas” e “perecíveis” que proliferam na vida cotidiana, ali onde a consumação altera oobjeto, ressignificando-o, acomodando-o a novos interesses. O desenvolvimento das idéias aquipropostas, com maior aprofundamento no campo da investigação teórica e empírica, podemtrazer contribuições para o conhecimento do comportamento do consumidor e do marketingentendido como disciplina de caráter mais social e cultural e menos gerencial.

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