Mens (In)Sana In Corpore (In)Sano: Reflexões sobre dominação masculina, corpo e consumo na contemporaneidade
Informações
Código: MKT2996
Divisão: MKT - Marketing
Tema de Interesse: Tema 02 - Cultura e Consumo
Autores
Priscila Tereza De Nadai Sastre, Alexandre Reis Rosa
Resumo
Este trabalho tem por objetivo discutir a influência da cultura de consumo na construçãosocial do corpo feminino. Considerando o culto ao corpo como um fenômeno resultante doaumento da insatisfação das pessoas com a própria aparência, em particular no que se refere àbusca pelo corpo perfeito por meio do consumo de imagens, produtos e serviços que visamacelerar a re-construção (ou destruição) desse corpo real, a mulher se depara com apossibilidade de criar um tipo ideal de corpo: alto, magro e elástico, qual seja um corpo belosegundo os parâmetros divulgados pela grande mídia. Contudo, partimos do pressuposto quenesse engajamento os corpos são moldados por discurso homogeneizador com padrões debeleza inalcançáveis, que se traduzem numa patologia chamada anorexia nervosa, cuja origemreside na mente (in)sana que se materializa e produz um corpo (in)sano. Ou seja, um corpodoente, precário e autodestrutivo. Apesar disso, argumentamos que há uma possibilidade deruptura com esta lógica a partir do corpo emancipado, que é resgatado pela mulher a partir deum contra-discurso de beleza real, aquela possível para cada sujeito. O artigo está organizadoda seguinte forma: além desta introdução, seguem algumas reflexões sobre a construção docorpo feminino sob a influência de uma ordem simbólica de caráter androcêntrico. Essa buscase fundamenta no que Bourdieu (1999) chama de “alienação simbólica”, em que a mulher seconverte de corpo-para-o-outro em corpo-para-si-mesma, introjetando na sua própriapercepção a necessidade de ser “feminina”. Em seguida discutimos a cultura de consumocomo dinâmica de mercado e instância reprodutora da ordem masculina. Sobre a cultura deconsumo, podemos dizer que os hábitos e costumes disseminados por ela estão alicerçados noconsumismo, que se ampara numa sociedade marcada pela insaciabilidade das necessidades einstabilidade dos desejos, perpetrados por um movimento constante de aquisição-descarte detendências por meio de bens e serviços (Bauman, 2008). Na quarta parte, apresentamos atensão entre o corpo real e o corpo ideal resultante da ditadura da beleza representada por umtipo ideal de corpo feminino. Na busca por manter seu valor de mercado e atender asexpectativas de corpo ideal na sociedade de consumo, a mulher, num movimento constante de(re)construção de sua identidade, compra e consome uma serie de produtos e serviçosdestinados a atender aos interesses deste mercado. Por fim, discutimos as conseqüências dessalógica por meio das patologias associadas a essa busca frenética e auto-destrutiva do corpoperfeito, bem como das rupturas com esta tendência problematizando o papel da cultura deconsumo nessa lógica. Concluímos que a construção da imagem corporal não é um trabalhosolitário, mas resulta da intercomunicação entre a mulher e o mundo social. A mulher utilizaoutras imagens para definir sua própria imagem corporal, bem como esse processo implicanuma troca relacional entre indivíduos. Vimos que muitas mulheres se vêem aprisionadasnuma espécie de circulo vicioso de atendimento das exigências da cultura-sociedade deconsumo, o que nos leva a questionar como as pessoas aderem a este discurso.
Abrir PDF