EnANPAD 2011

Trabalhos apresentados


Marcas, Marketing e Consumo nos Trens Urbanos


Informações

Código: MKT2624
Divisão: MKT - Marketing
Tema de Interesse: Tema 02 - Cultura e Consumo

Autores

Anderson Moraes de Castro e Silva, Elizabeth Andrade Pereira

Resumo

Neste artigo, objetivamos refletir sobre a experiência do comércio ambulante no interior dostrens urbanos fluminenses, em especial, naqueles que circulam no ramal que perfaz o trajetoCampo Grande – Central do Brasil. A partir da observação das estratégias de vendaempregadas pelos mascates ferroviários que atuam no segmento de alimentos, notadamenteno comércio de biscoitos de pele, buscaremos problematizar as apropriações e os usos que sãofeitos do produto “de marca” para impulsionar o comércio do produto “sem marca”. Noentanto, convém ressalvar que não restringiremos a temática da propriedade industrial a suatradicional abordagem legalista, mas, sim, enfatizaremos os aspectos sociológicos que sãoconstitutivos da construção das estratégias de venda dos produtos populares neste segmentocomercial. Ou seja, não será pela via da classificação dessas estratégias comerciais empossíveis atos parasitários ou concorrências desleais que tentaremos pensar a questão queedifica a presente análise, uma vez que a adesão a vertente intelectualpatrimonialista/legalista, ainda que perfeitamente legítima e defensável do ponto de vistajurídico, não comporta o alcance reflexivo possibilitado pela análise sociológica.Metodologicamente, aconselhados por Geertz (2002), zelamos pela observação constante dasconseqüências que o “estar lá”, viajando no transporte ferroviário, evocava na construção dopresente texto, bem como nos preocupamos com os efeitos que o fato de “estar aqui”, nainstituição de pesquisa, tinha sobre a tradução que construíamos para os fatos observados e aautoridade etnográfica que reivindicávamos. Em ambos os casos, sabíamos que seria apenaspor meio do estranhamento aos nossos hábitos, fosse ele do uso do transporte ferroviário oudo consumo nos trens urbanos, que poderíamos nos proteger dos desafios que a proximidadecom o universo pesquisado nos colocava (GINZBURG, 2001). Quanto à relevância dopresente estudo, convém lembrar que na indústria de alimentos, o branding ocorreuinicialmente de baixo para cima (RIES, 2006, p.89), ou seja, as primeiras marcas globaisestavam direcionadas ao consumo popular. Portanto, o comércio de alimentos nos trensurbanos podem nos ajudar a refletir e problematizar sobre o papel da marca nas camadaspopulares. Em especial, comparamos a embalagem da marca líder a da marca popular e, emseguida, as confrontamos com o produto de marca informal, no intuito de mapearproximidades e afastamentos. A guisa de conclusão, questionamos se a marca informal nãocontém para o seu consumidor significados e valores consuetudinários e, ainda, remetem aemoções que lhes são familiares.

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