Repensando o Construto do Ajustamento Intercultural: Um Estudo Empírico com Executivos Japoneses Expatriados no Brasil
Informações
Código: GPR1879
Divisão: GPR - Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho
Tema de Interesse: Tema 10 - Tabus em Gestão de Pessoas: Dimensões Esquecidas
Autores
Edson Keyso de Miranda Kubo, Beatriz Maria Braga
Resumo
A expatriação de executivos continua sendo essencial para a internacionalização de empresas,controle de subsidiárias, transferência de conhecimentos, negócios internacionais (Mondelli,2008). O tema continua a ser pesquisado na literatura acadêmica devido ao alto custo doinvestimento que representa para as organizações e, consequentemente, a necessidade de seobter sucesso nas expatriações. A literatura internacional em expatriação tem apresentado oajustamento intercultural como fator determinante do sucesso do expatriado e o modelo deBlack, Mendenhall e Oddou (1991) de ajustamento internacional tem sido a referência daspesquisas empíricas para o estabelecimento de políticas de administração internacional derecursos humanos (AIRH). De acordo com este modelo, o ajustamento é um construtomultidimensional, composto pelo ajustamento no trabalho, o interacional e o geral, quepressupõem, entre outros aspectos, que o expatriado se sinta confortável ao lidar com aspessoas e com os costumes e valores do país anfitrião, de maneira geral, tanto no trabalhocomo no dia-a-dia social. A literatura também aponta os expatriados Japoneses comoexemplos de sucesso em expatriações devido às suas baixas taxas de falhas em missõesinternacionais no mundo, ou seja, os Japoneses raramente retornam ao Japão antes do términoprevisto para a sua designação (Tungli & Peiperl, 2009). No entanto, contrariando a literaturasobre o tema geral do ajustamento, resultados de pesquisa mostram que o ajustamentointercultural não parece ser relevante para o sucesso desses expatriados (Nicholson &Imaizumi, 1993; Takeuchi, Yun, & Russel, 2002). Com o objetivo de entender como seconfigura o ajustamento dos expatriados japoneses no Brasil, realizou-se uma pesquisa decaráter exploratório e qualitativo, com 37 expatriados japoneses no Brasil, que trabalham em21 empresas de diversos setores de atividade. A análise dos dados mostra que os expatriadosjaponeses não foram preparados no seu país de origem para o desafio de viver em umambiente intercultural, alguns tiveram um dia ou dois de treinamento, outros, nenhum. Poucossabem falar o português. No Brasil, o seu papel é de disseminar as políticas e práticas bemcomo a cultura organizacional da matriz; e, embora considerem o povo brasileiro como gentile receptivo, permanecem distantes dos locais, o que leva a um baixo grau de ajustamentointeracional. No que tange ao ajustamento do trabalho, há muito estresse devido às diferençasna forma de trabalhar em relação aos brasileiros. A política organizacional relacionada ao“emprego vitalício” e a “cultura da vergonha” reforçam no expatriado o comprometimentoque antecede o ajustamento no país anfitrião. O expatriado japonês não se ajusta, masmeramente convive e, às vezes, sobrevive. A vida pessoal não parece ser tão importantequanto o trabalho, pois é na realidade o trabalho que serve de fundamento para a vida pessoale social. Os resultados da pesquisa reforçam a necessidade de se rever o modelo de Black et al.(1991) para que possa explicar melhor o desempenho de expatriados oriundos de paísesdiferentes dos norte-americanos.
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