Improvisação e Aprendizagem nas Organizações: um estudo no Brasil e Alemanha
Informações
Código: GPR1809
Divisão: GPR - Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho
Tema de Interesse: Tema 09 - Conhecimento, Aprendizagem e Competências
Autores
Leonardo Flach, Claudia Simone Antonello
Resumo
A presente pesquisa tem por objetivo descrever e compreender os processos de improvisação epossíveis articulações com a aprendizagem em cervejarias artesanais do Brasil e Alemanha. O temaimprovisação tem sido abordado na literatura internacional de administração, mas no Brasil ainda épouco explorado. Em face à familiaridade com as manifestações do improviso no campo das artes,torna-se interessante tentar analisar os ensinamentos oriundos dessa área, para depois transferi-lospara o domínio da gestão. Cunha (2002) é um dos autores que transfere os ensinamentos da arte paraa gestão, estabelecendo uma aproximação com o jazz e discutindo as implicações de seu estudo para aanálise das organizações. Weick (1998) também construiu uma analogia com a música, a partir daimagem de estruturas organizacionais orgânicas e mecânicas, respectivamente a imagem dasorganizações como bandas de jazz e orquestras sinfônicas. Outras fontes de inspiração tambémauxiliaram o desenvolvimento de estudos sobre improvisação nas organizações. Crossan e Sorrenti(1997), por exemplo, analisaram a relevância da commedia dell’arte, gênero de teatro improvisado,surgido na Europa no século XVI. Utilizando a metáfora da improvisação teatral, Vera e Crossan(2004) analisaram as implicações de processos de improvisação nas empresas. O presente estudo foirealizado com gerentes, mestres-cervejeiros e funcionários de cervejarias artesanais brasileiras ealemãs. Desenvolveu-se um estudo de casos múltiplos, em dez organizações, localizadas nas cidadesde Berlim (Alemanha), Porto Alegre (RS), Florianópolis (SC), Timbó (SC), Pomerode (SC), Indaial(SC) e Blumenau (SC). As entrevistas semiestruturadas com vinte e quatro sujeitos, observaçõesdiretas, história de vida dos sujeitos na organização, e análise de documentos, permitiram, peloprocedimento de análise interpretativa, formular algumas ponderações sobre as articulações entreaprendizagem e improvisação. Obtiveram-se como resultados desta pesquisa que a improvisação nãoocorre sem uma base de conhecimentos prévios, pois há a necessidade de considerar a influênciadireta das normas, contexto, forma de participação e experiência sobre o tema do improviso.Concluiu-se que na sua articulação com a improvisação, a aprendizagem pode ocorrer: a) antesdo improviso – já que o indivíduo ou grupo baseiam-se nas estruturas mínimas, nosconhecimentos previamente adquiridos, normas, regras, experiências; esta base de conhecimentosmolda o improviso a ser realizado; b) durante o improviso – como uma forma de aprendizagemem tempo real, são criados novos caminhos, formas e estruturas; existe a procura por novosconhecimentos para resolver o problema dentro de um período curto; experiências, ações emudanças convergem no tempo; c) após o improviso – permanência na memória; possibilidadede reflexão sobre erros e acertos na improvisação, busca de outras soluções possíveis. Estadiscussão possibilita a abertura de novos caminhos para o estudo da relação entre a aprendizagem eimprovisação.
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