"Luto e Melancolia": Contribuições Psicanalíticas para o entendimento dos reflexos da Aposentadoria na Subjetividade dos Indivíduos
Informações
Código: GPR2688
Divisão: GPR - Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho
Tema de Interesse: Tema 07 - Trabalho, Gestão e Subjetividade
Autores
Raquel de Oliveira Barreto, Lucas Ferreira
Resumo
Tendo como eixo principal o texto de Freud “Luto e Melancolia”, escrito em 1915, estetrabalho tem o objetivo de refletir sobre o significado da aposentadoria na vida dosindivíduos. Considerando o sentido atribuído ao trabalho no contexto capitalista, incluindo oprocesso de ‘super’ identificação narcísica do trabalhador incentivado pelas empresas,pretendeu-se discutir as possíveis implicações dessa perda para a vida dos sujeitos do pontode vista psicanalítico. Argumenta-se que o trabalho alcançou no sistema capitalista umaposição de destaque na vida das pessoas, refletindo o próprio posicionamento destas nasociedade. Neste sentido, ter a vida laboral interrompida pode resultar em váriasconsequências para o sujeito. Um pressuposto fundamental do qual parte este trabalho refereseà indissociação entre o sujeito e o social. Tal pressuposto resulta em duas questõesessenciais (i) a esfera social (aqui leia-se ideologia, costumes, valores) influenciam a vidapsíquica dos sujeitos e (ii) reconhece-se o potencial subversivo da psicanálise, pois aotransformar o sujeito pode também transformar o social. A opção por basear o artigo nestetexto específico de Freud se deu em função dele tratar justamente das consequências da perdapelos sujeitos do que ele denomina de objeto de amor. Tal objeto seria justamente algo emque o sujeito investe sua energia libidinal e torna-se, portanto, extremamente importante parasua vida. Neste sentido, a atividade laboral é entendida aqui como um desses objetos que, emfunção das características do sistema capitalista, assumiu uma posição de destaque. A questãoprincipal relacionada à melancolia trabalhada refere-se à situação em que o sujeito nãoconsegue se distinguir do seu objeto de amor, fazendo com que a falta deste configure-se umaperda do próprio Eu (FREUD, 1974). Embora o fenômeno da aposentadoria possa de fatotrazer sérias consequências para os indivíduos, este é por vezes tratado de forma naturalizada,e que por isso deve ser aceito e vivenciado de forma tranquila e indolor pelos indivíduos. Afim de contribuir para que os seus funcionários passem de forma mais tranquila por esteperíodo de suas vidas, algumas empresas têm institucionalizado PPA’s – Programas dePreparação para a Aposentadoria. Entretanto, discute-se que a fim de contribuir para que ossujeitos vivenciem esse momento de suas vidas de forma saudável (não-patologizante), faz-senecessário que os PPA’s levem em consideração esses aspectos subjetivos que marcam ofenômeno da aposentadoria. Sendo assim, as atividades realizadas nestes programas devemsuperar a faceta meramente recreativa ou até mesmo informacional, e se voltar para umatendimento mais profundo desses sujeitos. As discussões empreendidas neste ensaioapontam justamente para as implicações desse fenômeno na subjetividade das pessoas,envolvendo aspectos fundamentais como a sua própria identidade e sentimento de pertençasocial. No que tange à área de Gestão de Pessoas, essa perspectiva psicanalítica fornece outroolhar aos profissionais e propõe uma revisão das políticas empresariais.
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