Narrativas sobre o Trabalho em Tempos de Capitalismo Flexível: Pesquisa Crítica em uma Indústria do Nordeste Brasileiro

Informações

Código: GPR2205
Divisão: GPR - Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho
Tema de Interesse: Tema 07 - Trabalho, Gestão e Subjetividade

Autores

Ana Cristina Batista-dos-Santos, Inácia Girlene Amaral, José Arimatés de Oliveira

Resumo

O trabalho parte do pressuposto de que aquilo que é frequentemente narrado, no âmbito dosestudos organizacionais e da gestão, sob a designação de mudança ou transformaçãoorganizacional, diz respeito direta ou indiretamente às alterações, por vezes fenomênicas e porvezes substantivas, nas formas de organizar e controlar o trabalho no interior dasorganizações, estas entendidas como organizações de trabalho. Assim, entende-se aqui que otrabalho é categoria fundamental de estudo tendo em vista a compreensão da vida humana, nasociedade em geral, e nas organizações, em particular. O texto é fruto de uma pesquisaqualitativa crítica que teve como questão norteadora a seguinte: O que dizem ostrabalhadores e os proprietários de empresa sobre o trabalho, na contemporaneidade?A pesquisa se propõe como uma escuta aos dois lados da relação capital-trabalho. A literaturaé revisada discutindo os seguintes temas: (i) O trabalho em tempos de flexibilidade; (ii) Entresignificados e sentidos do trabalho. O texto socializa a estratégia metodológica da pesquisa,onde apresenta o mix de técnicas utilizadas: entrevista com uso de elemento-estímulo ehistória de vida. A técnica utilizada foi a entrevista por oportunizar a coleta de informaçõesatravés da fala dos atores sociais e por possibilitar entender o que e como as pessoas pensam esentem acerca do tema pesquisado. O campo da pesquisa foi uma indústria metalúrgica depequeno porte, situada no Nordeste do Brasil, aqui denominada ficticiamente de Alfa. Foramentrevistadas oito pessoas (cinco trabalhadores e três proprietários), individualmente. Dentreos principais resultados da pesquisa, o texto apresenta: (i) a tese expressa nas convergênciasdo discurso sobre o trabalho ligado à realização e crescimento pessoal, estando, ainda,relacionado a temas como velocidade, metas e resultados; (ii) a antítese emergente nascontradições do discurso, donde se destaca a emergência do conceito liberdadecontraditoriamente associado a cobrança e aprisionamento; e os conceitos mudança eflexibilidade relacionados dialeticamente com padronização e homogeneização; (iii) a síntesecontida em um discurso metafórico do trabalho-formação em uma organização-escola, na qualtransitam o saber-fazer, saber-mostrar, saber-sentir, saber-comportar-se. O texto conclui que otrabalho narrado pelos sujeitos expressa a dinâmica contemporânea segundo a qual o mundodo trabalho se constitui progressivamente como “mundo administrado” pelo capital, em que arelação do trabalhador com seu trabalho se dá de maneira cada vez mais inautêntica, sob opredomínio da racionalidade instrumental.

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