EnANPAD 2011

Trabalhos apresentados


Trabalho, Consumo e Identidade Após a Primeira Gestação: Um Estudo Exploratório


Informações

Código: GPR565
Divisão: GPR - Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho
Tema de Interesse: Tema 07 - Trabalho, Gestão e Subjetividade

Autores

Barbara Pagliari Levy, Leticia Moreira Casotti, Lucia Barbosa de Oliveira

Resumo

Uma corrente de pesquisadores vem questionando a centralidade do trabalho naexpressão da identidade dos indivíduos na atualidade, espaço que estaria sendo ocupado peloconsumo (Bauman, 2001, 2005b; Ransome, 2005). Outro grupo, porém, defende que otrabalho permanece um elemento central da identidade (Antunes, 2002; Doherty, 2009; Gini,1998). No entanto, poucos autores parecem buscar integrar estes dois elementos tãodestacados para a formação da identidade: trabalho e consumo (Bauman, 2001, 2005b;Ransome, 2005; Rodrigues, 2009; Veloso, 2008). Além disto, ao se considerar o grupo demulheres que trabalham e têm filhos – grupo que tem recebido grande atenção em função dacrescente participação no mercado de trabalho e de sua responsabilidade ainda predominanteno cuidado da casa e dos filhos (Madalozzo, Martins, & Shiratori, 2008) – não foi encontradonenhum estudo que investigasse como as mulheres lidam com os múltiplos papéis: de mãe,trabalhadora e consumidora. Este estudo exploratório tem como objetivo compreendermudanças na identidade da mulher a partir de sua relação com o trabalho e com o consumoapós a primeira gestação. Foram feitas 19 entrevistas em profundidade com mulheres declasse alta no Rio de Janeiro. A opção este perfil deve-se às evidências de que maior renda emaior nível educacional estão associadas a uma maior preocupação com carreira profissional(Volling & Belsky, 1993) e ao fato de poder aquisitivo implicar em mais opções em termos detrabalho e consumo. Entre os resultados, destaca-se a importância do trabalho como formadorda identidade das mulheres entrevistadas. Mesmo tendo que acomodar o tempo para adedicação ao papel de mães, elas expressam não admitir a possibilidade de parar de trabalhar.No entanto, emergem inseguranças sobre uma possível perda de competitividade profissional,tanto pela ausência na licença maternidade, quanto pelo acúmulo de papéis. A volta aotrabalho, enquanto ocasiona sofrimento pela separação do filho, também permite que elasretomem sua identidade extra-maternidade, o trabalho assim emprestando significado socialpara as novas mães. A gestão do tempo é feita com a ajuda de terceiros – babás, creches efamília cuidadora – permitindo que elas se dediquem também ao papel profissional. Com achegada do filho, observa-se uma mudança nos cuidados pessoais, que perdem prioridade epassam a ser realizados nas brechas de tempo. Conforme o filho cresce e demanda menostempo, algumas começam a vislumbrar a possibilidade de voltarem a cuidarem mais de simesmas. O self estendido (Belk, 1988, 1990; Mittal, 2006) mostrou-se presente em diferenteselementos, desde roupas e acessórios, até objetos e ambientes da casa. Como conclusão, temsea importância do trabalho, do consumo e da maternidade na formação da identidade destasmulheres. O trabalho emerge com um papel no desempenho da identidade de mãe, como umdos valores importantes a serem transmitidos aos filhos. Além disso, algumas entrevistadasdemonstraram medo de se tornarem “burras” ou “desinteressantes” quando afastadas dotrabalho, apontando para uma possível desvalorização da identidade de mãe em relação àidentidade profissional.

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