EnANPAD 2011

Trabalhos apresentados


Tensão nas Relações de Trabalho: Como o Assédio Moral Afeta o Cotidiano Bancário


Informações

Código: GPR2757
Divisão: GPR - Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho
Tema de Interesse: Tema 06 - Prazer e Sofrimento no Trabalho

Autores

Paula Luciana Bruschi Sanches, Junielliny Cipriano Valois da Mota, Márcia da Silva Costa

Resumo

Este artigo tem o objetivo de identificar as situações e possíveis consequências do assédiomoral sobre os funcionários de instituições financeiras localizadas em uma capital doNordeste brasileiro. A pesquisa faz um alerta para as relações desumanas de trabalho queacompanham as constantes e intensas reestruturações resultantes da busca incessante porcompetitividade no mercado financeiro mundial, uma vez que as conseqüências vão além davida profissional e se estendem para outras esferas da vida pessoal do trabalhador. Pode-seafirmar que os funcionários dos bancos encontram-se em um ambiente onde há uma crescentedesvalorização do serviço bancário. Nota-se que, imersa nesse ambiente, no concreto da vida,há seres humanos, a parte mais atingida por tamanhas mudanças, esquecida ou ignoradadiante da ânsia pelos lucros exacerbados. O referencial teórico aborda características doassédio moral, a precarização do trabalho bancário frente às reestruturações, fusões eaquisições, bem como fatores que permeiam esse tipo de agressão enfrentada por váriosbancários. Para entender melhor as implicações do assédio moral, ato perverso comum emambientes competitivos, esta pesquisa entrevistou seis bancários em exercício ou à disposiçãodo sindicato. Portanto, o presente estudo é produto de pesquisa empírica de caráter qualitativoe exploratório. Na busca de maior consistência na análise dos dados, pontuou-se o tema emfoco a partir da sistematização de seis categorias analíticas: precarização do trabalho;caracterização do assédio; saúde física e mental; motivação; relação social e denúncia. Asevidências foram coletadas através de entrevistas semi-estruturadas com a utilização dométodo da história oral para os devidos fins de análise dos dados. Percebeu-se, a partir dosdiscursos analisados que, no assunto em estudo, prevalecem o desgaste psíquico e físico, asameaças constantes de demissão, as cobranças sistemáticas para o cumprimento de metasinatingíveis advindas dos gestores ou superiores, a intensificação dos trabalhos a seremexecutados, o uso polivalente do trabalhador como elementos que induzem a comportamentosconfigurados como de assédio moral. Nesse sentido, ele é reflexo das novas estratégias dedominação e da maior exploração da força de trabalho, que se disseminam, sobretudo, comoconsequência da individualização das relações de trabalho e do enfraquecimento da açãocoletiva. O assédio moral, portanto, atinge a todos, daí a dificuldade de encontrar parâmetroslegais que o coíbam, num contexto econômico e político, neoliberal, em que predomina alógica do mercado. A exploração implica sofrimentos nas mais diversas dimensões da vidado trabalhador, mas seu maior prejuízo é sentido no estabelecimento de uma cultura de gestãopelo medo, que inibe as iniciativas de organização política e de contestação, que reforça oindividualismo e a submissão, a ponto dos trabalhadores a acharem natural, a ponto dedesacreditarem na possibilidade mesmo de mudanças. Se as iniciativas de tentar reverter oprocesso existem, elas são ainda muito pontuais e dependem da mobilização da categoria.

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