EnANPAD 2011

Trabalhos apresentados


O ADOECIMENTO PSÍQUICO DO AGENTE PENITENCIÁRIO E O SISTEMA PRISIONAL: Estudo de caso - Sete Lagoas


Informações

Código: GPR1760
Divisão: GPR - Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho
Tema de Interesse: Tema 06 - Prazer e Sofrimento no Trabalho

Autores

Juliana de Carvalho Campos, Rosânia Rodrigues de Sousa

Resumo

Este estudo analisou a relação entre o sistema prisional e o adoecimentopsíquico do agente penitenciário. Através de um estudo de caso, realizado com dezesseteagentes penitenciários do Presídio de Sete Lagoas, Minas Gerais, A partir do referencialteórico de Dejours, Foucault e Goffman procurou-se analisar a questão do trabalho,subjetividade, mortificação do eu dos agentes penitenciários, bem como, a relação destes como adoecimento. O estudo possibilitou verificar que o trabalho é fundamental e fundante para aautorealização do sujeito. Pode-se perceber, através da pesquisa que estresse, desgaste, nãoreconhecimento, desconhecimento, confusão: todos estes são fatores que afetam nossasubjetividade, e, consequentemente, podem nos levar ao adoecer.O trabalho possibilitou identificar que o agente penitenciário ainda tem sua identidadeassociada à do antigo carcereiro, marcada por agruras e covardias e oscilando entre umaimagem de carrasco e redentor – um dos paradoxos desta função. Paradoxo este que trazimplícito a omissão do Estado ao atribuir ao agente a responsabilidade de estabelecer aconduta adequada a cada momento. Ainda refletindo sobre este paradoxo, o agente seapresenta sob e diante da relação de poder, massificado duplamente, enquanto gestor etrabalhador. Outras contradições/paradoxos dessa categoria estão presentes em outrassituações cheias de paradoxos, tais como: se sentirem desvalorizados x trabalho comosinônimo de utilidade pública; desgaste físico e mental x licenças e faltas atribuídas à falta decompromisso; trabalham com pessoas que não são confiáveis x identificarem se como‘desacreditáveis’; dizer que o trabalho não influencia a vida pessoal x escolher lugares,companhias.Percebeu-se também a partir dos dados levantados na pesquisa o poucoreconhecimento da função do agente penitenciário pelo Estado e pela sociedade, o quecontribui bastante para que os profissionais desta área não se sintam valorizados.O adoecimento também pode surgir da dificuldade que o agente, às vezes, encontra emseparar sua posição diante de atitudes dos detentos que possam fazerem-se sentirmortificados, humilhados e desafiados. Diante de situações como esta, verificamos que oagente penitenciário dispende muita energia ao tentar se equilibrar entre os dois mundos emque vive – intra e extra-muros ; e ainda, enquanto aquele que obedece as ordens e ao mesmotempo as impõe.Verifica-se que o agente penitenciário é submetido durante todo o tempo a efeitosdessocializadores, visto que são obrigados a uma outra socialização devido a sua escolhaprofissional. Assim podemos identificar uma série de transtornos a que são acometidos poresta prisionalização, como os sentimentos de inferioridade, empobrecimento psíquico,regressão, infantilização, perda de identidade, assim como comprometer sua concepção sobrecidadania.

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