A Economia Solidária na inclusão social de usuários de álcool e outras drogas: Reflexões a partir da análise de experiências em Minas Gerais e São Paulo
Informações
Código: GPR661
Divisão: GPR - Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho
Tema de Interesse: Tema 06 - Prazer e Sofrimento no Trabalho
Autores
Raquel de Oliveira Barreto, Fernanda Tarabal Lopes, Ana Paula Paes de Paula
Resumo
Este trabalho objetivou analisar as ações de Economia Solidária como via de inclusãosocial de usuários de álcool e outras drogas. Para isso, foram estudadas duas experiênciasinscritas na Rede Brasileira de Saúde Mental e Economia Solidária, rede esta organizada peloMinistério de Trabalho e Emprego. Tal discussão se insere em um projeto mais amplo,apoiado pelo CNPQ, cuja proposta é problematizar a relação entre o trabalho e o uso doálcool/drogas, resgatando formas alternativas de organização que propiciem inclusão socialdesse público em particular. Na fundamentação teórica, primeiramente apresenta-se umavisão sobre o que é a parte álcool/drogas dentro do todo Saúde Mental, principalmente quantoàs suas especificidades e a relação com o trabalho. Em seguida, contextualiza-se o cenário naqual se desenvolvem as iniciativas de Economia Solidária na Saúde Mental, abordando tantoas principais ressonâncias do movimento da Reforma Psiquiátrica (COSTA-ROSA, 2006),quanto as características e fundamentos deste movimento (SINGER, 2000; FRANÇA FILHOe LAVILLE, 2004). Elencaram-se para estudo as iniciativas de Economia Solidária inseridasno “Cadastro de Iniciativas da Saúde Mental de Inclusão pelo Trabalho” localizadas na regiãometropolitana de Belo Horizonte e na cidade de São Paulo. Dentre as iniciativas cadastradas,apenas duas organizações afirmaram atender a esta demanda específica. Realizou-se entãouma investigação exploratória que se deu, em Minas Gerais, neste único Centro deConvivência da Saúde Mental e, posteriormente, no serviço CAPSad a ele relacionado; etambém em São Paulo em um Centro de Convivência. Nesta pesquisa exploratória nas duasinstituições (e órgãos correlatos), percebeu-se que nenhuma das duas experiências, emboracadastradas como iniciativas no âmbito da Economia Solidária, vivencia no momento aproposta de inclusão social por esta via. Nesse contexto, o esforço da pesquisa voltou-se paraa compreensão das razões dessa realidade. Identificou-se uma grande lacuna no que tange aoatendimento a esse público, que por vezes não encontra espaços de atenção voltadosespecificamente para eles. Tendo em vista essa lacuna, essas organizações acabam por atuarem fases anteriores do tratamento, como a do próprio acolhimento, e não exclusivamentecomo elo final da cadeia (via de inclusão social), ou então, como no caso mineiro, nem sequerse consideram preparados para tal. Diante disso, partiu-se para uma reflexão acerca daspossibilidades e limitações da Economia Solidária em relação à inclusão social dessesusuários. Em função da congruência entre os objetivos do movimento e as problemáticasatinentes ao público em questão, discute-se que tal proposta pode, de fato, revelar-se uma viapossível. Por outro lado, chamou-se a atenção para as dificuldades que emergemprincipalmente no que tange aos dependes de psicoativos, como a questão do dinheiro, dosganhos secundários, do desinteresse pelas atividades, dentre outros. Nesse sentido, o artigoreforça a complexidade do fenômeno em questão, que implica, necessariamente, na adoção deações integrais, que façam parte de uma política mais ampla de atenção a esses indivíduos.
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