O Sofrimento Humano nas Organizações: Estratégias de Enfrentamento Adotadas em uma Empresa de Logística
Informações
Código: GPR161
Divisão: GPR - Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho
Tema de Interesse: Tema 06 - Prazer e Sofrimento no Trabalho
Autores
Clara Vanêza Marques Pereira, Adriane Vieira
Resumo
Um dos mais relevantes valores nas sociedades ocidentais contemporâneas é o trabalho, cujascondições de realização podem exercer uma influência considerável sobre a motivação dosempregados, a satisfação e a produtividade. A pesquisa empírica que deu origem ao presenteartigo foi realizada numa empresa de logística, concessionária do transporte ferroviário de cargageral, que passou por um processo de reestruturação durante o ano de 2009, fruto da crisefinanceira mundial, acompanhado de demissões e realocações de funcionários. Em face dasinseguranças vividas o objetivo do presente trabalho constituiu-se em analisar as percepções deprazer-sofrimento dos empregados e identificar os mecanismos defensivos utilizados para enfrentaros sofrimentos causados pelas mudanças. Utilizou-se o referencial teórico-metodológico daabordagem Psicodinâmica do Trabalho, que estuda o prazer-sofrimento como um constructodialético, que recebe influência de variáveis psíquicas e da organização. Quando o trabalhopermite a diminuição da carga psíquica constitui-se em um fator de equilíbrio e desenvolvimento,mas, quando a organização do trabalho não propicia condições para os trabalhadores gerirem seupróprio sofrimento e descobrirem formas criativas de liberarem energia pulsional acumulada noaparelho psíquico, também pode ser um fator de sofrimento e de desgaste físico e mental. Ométodo de investigação utilizado foi o estudo de caso e os dados foram coletados por meio dequestionários e entrevistas semiestruturadas. Cinqüenta e oito sujeitos de pesquisaresponderam a um questionário baseado no Inventário de Trabalho e Riscos de Adoecimento– ITRA, construído por Ferreira e Mendes (2003) e seis relataram suas percepções sobre oprazer-sofrimento no trabalho. Os dados permitem concluir que o ritmo de trabalho éexcessivo, as tarefas são cumpridas sob a pressão de prazos, existe rigidez no cumprimentodas normas e o quadro de pessoal não é suficiente para a demanda de trabalho. Solidariedadee compreensão estão presentes no ambiente de trabalho, mas também as disputasprofissionais. Para suportar as pressões e o sofrimento psíquico os trabalhadores constroemestratégias defensivas. Essas transformam o funcionamento psíquico da pessoa, alterando suasformas de existência, incorporando-se não só no trabalho, mas inclusive na vida privada efamiliar. A banalização e a negação do sofrimento manifestam-se nas estratégias coletivas dedefesa, mobilizadas diante do medo e da ameaça da própria integridade física e psíquica, numcontexto de relações sociais de dominação. Outros mecanismos defensivos encontrados foramracionalidade, passividade, individualismo e isolamento, bem como a resiliência. Este estudofornece subsídios para uma maior compreensão dos impactos dos processos de reestruturaçãonas organizações, propiciando informações para a gestão de pessoas.
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