QUEM DÁ RESPOSTA AO ASSÉDIO MORAL?
Informações
Código: GPR8
Divisão: GPR - Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho
Tema de Interesse: Tema 06 - Prazer e Sofrimento no Trabalho
Autores
Míriam Rodrigues, Alex Aaltonen
Resumo
O assédio moral constitui um sério problema que ocorre nas organizações, cujos efeitosdevastadores podem ser sentidos não somente pelas vítimas diretas, mas também pelasempresas e sociedade como um todo (FREITAS, 2007). Entendendo a necessidade deampliação e aprofundamento de pesquisas sobre esta temática, este estudo se propõe a agruparcaracterísticas de profissionais que dão resposta ao assédio moral no ambiente de trabalhoutilizando-se aporte qualitativo e quantitativo. Dentre as técnicas multivariadas, o método deanálise de clusters vem sendo utilizado por diversos autores para auxiliar na compreensão doassédio moral, tais como Lewis (2000), Notelaers et al. (2006), Glaso et al. (2007) e Nielsenet al. (2009) - em linha com o presente artigo, estes estudos demonstram que uma dasvantagens deste método é a observância das nuances caracterizando grupos e subgrupos,superando a simples separação entre dois grupos: vítimas ou não vítimas de assédio moral. Ouso da análise de agrupamentos ou clusters propiciou novas possibilidades de entendimentodo fenômeno, que no Brasil é analisado mediante a adoção predominante de metodologiasqualitativas (RODRIGUES, 2010). O conteúdo das respostas oferecidas por 175 profissionaisde empresas de diferentes ramos e portes a um formulário com questões abertas foi analisadoem três fases distintas (BARDIN, 2006; GODOY, 1995): a pré-análise, a exploração domaterial e o tratamento dos resultados, o que resultou no agrupamento dos dados em seiscategorias: “efeito durante o assédio moral”, “situação”, “resposta da vítima ao assédiomoral”, “consequências” e “assédio moral” ou “não assédio moral” – de acordo com oreferencial teórico pesquisado (HIRIGOYEN, 2002; FREITAS, 2001; AGUIAR, 2003;HELOANI, 2004; BARRETO, 2005; CORRÊA e CARRIERI, 2007; EINARSEN, 1999;FREITAS, HELOANI e BARRETO, 2005; LEYMANN, 1996; ZAPF, 2001; EINARSEN ETAL., 2011), gerando 72 observações que foram categorizadas como assédio moral. A partir daanálise de clusters foram identificados três grupos distintos, com denominações atribuídaspelos pesquisadores em função das variáveis drivers: “calados a força”, “mal começamos e ochefe já é problema” e “calejados”. A resposta ao assédio, objeto deste estudo, somente foiidentificada no agrupamento denominado “calados a força”, no qual a liderança média sofreassédio da liderança mais alta, um grupo composto por profissionais de meia-idade, homensem sua maioria, com experiência profissional superior a dez anos. Os de menor experiênciaprofissional e os mais próximos à aposentadoria não deram resposta ao assédio moralrecebido. Além de lançar novas perspectivas de análise sobre o assédio moral, a partir dasrespostas e perfis dos profissionais que se declararam assediados, o estudo demonstra que autilização de técnica multivariada, neste caso a análise de clusters, se mostrou de grandeutilidade para a compreensão deste fenômeno. Além disso, ao especificar o que foiclassificado como assédio moral e o que não foi entende-se a possibilidade de avanço nospadrões de comparação para definição de assédio moral em futuras pesquisas.
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