Gestão de Competências nas Relações de Trabalho: O que Pensam os Sindicalistas?
Informações
Código: GPR2379
Divisão: GPR - Gestão de Pessoas e Relações de Trabalho
Tema de Interesse: Tema 04 - Mudanças e Permanências nas Relações de Trabalho
Autores
Marcus Vinicius Gonçalves da Cruz, Amyra Moyzes Sarsur, Wilson Aparecido Costa de Amorim
Resumo
O atual contexto das relações de trabalho nos países centrais aponta para o aumentodo desemprego, a precarização dos vínculos de contratação e crescimento da informalidade,pressionando o Estado a dinamizar suas políticas de geração de emprego e renda. No Brasil, ocenário macroeconômico recente diverge deste panorama, com redução do número dedesempregados, aumento de trabalhadores com carteira assinada e ganho real de salários. Noque tange às organizações, há uma competição por empregados, tanto os mais qualificados,quanto os de estratos mais baixos, para atender à demanda de bens e serviços do mercado.Este cenário favorece a ação dos sindicatos em sua organização e padrões de reivindicações,invertendo desse modo a tendência verificada nos anos de crises econômicas, desde os anos1990. Entretanto, alguns parâmetros das relações de trabalho se mantiveram, seja em termosdo papel do Estado, marcado por uma legislação pouco flexível e intervencionista, seja pelacontinuada pressão sobre o trabalhador. Em termos da qualificação do trabalhador, o aumentodas exigências aponta para a necessidade da sua educação continuada, nos termos da gestãode competências. Este artigo evidencia resultados de pesquisa voltada para análise dasrelações de trabalho e a gestão de competências, verificando a visão dos sindicatos comorepresentantes do trabalhador. A abordagem metodológica privilegiou o enfoque qualitativo,utilizando pesquisa documental e de campo. As etapas de pesquisa constaram de (i)levantamento bibliográfico; (ii) consulta a bases de dados relacional; (iii) realização de painelde especialistas; e (iv) grupo de foco; analisando a perspectiva dos sindicatos e trabalhadoresrelacionados ao modelo de gestão por competências. Os achados apontam que a gestão decompetências é um termo praticamente ausente nas negociações coletivas brasileiras. Estedado contrapõe a informação de que 81% das 468 empresas inscritas na pesquisa “MelhoresEmpresas para se Trabalhar” possuem ações e programas educacionais concebidos com basena identificação das competências críticas - empresariais e humanas, para gerentes e demaisempregados. O Estado não atua como agente indutor da melhoria das competências por meioda regulação e avaliação do sistema de educação profissional ou disseminação de processosde certificação, como política macro de educação e trabalho. A perspectiva sindical não sealinha na busca de pressionar o Estado para regular um sistema de competências, tampoucoinsere o tema na agenda sindical, dando pouco espaço à negociação, quase sempre de caráterindividual e não coletivo, como se esperaria. Nesta conjuntura, a noção de gestão decompetências adquire no âmbito sindical a perspectiva de continuidade da pressão doempregador sobre o trabalhador por alcance de metas e resultados. Isto acaba por favorecerum discurso sindical que reduz a gestão de competências a ações de identificação e combateao assédio moral, que se torna sua agenda principal. Conclui-se que a não inclusão desteaspecto tende a causar maiores embates num futuro breve cada vez mais caracterizado pordistintos e complexos contextos das relações de trabalho no país.
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