EnANPAD 2011

Trabalhos apresentados


Custeamento ABC numa Organização Hospitalar Privada: Um Estudo Comparativo do Custo de Cirurgias Eletivas com os Valores Reembolsados pelos Planos de Saúde


Informações

Código: GOL650
Divisão: GOL - Gestão de Operações e Logística
Tema de Interesse: Tema 04 - Operações de Serviços

Autores

Domingos Fernandes Campos, Isabel Cristina Pansiera Marques

Resumo

Uma importante questão colocada para os gestores hospitalares é saber em que medida osvalores reembolsados pelos diferentes planos de saúde remuneram os seus custos. Visto poroutro ângulo, recai-se na clássica questão: qual deveria ser o custo básico de um procedimentopara que a instituição hospitalar pudesse remunerar adequadamente seus investidores? Esteartigo tem como objetivo calcular os custos com base nas atividades do centro cirúrgico deum hospital privado e fazer uma análise comparativa com a remuneração oferecida pordiferentes planos de saúde. Uma abordagem sistêmica (AS) foi utilizada como suporte aodesenvolvimento do custeamento, especialmente, na descrição das atividades e inter-relaçõesdos subsistemas que conformam o complexo hospitalar. Foram calculados os custos de umgrupo de cirurgias eletivas e comparados à remuneração oferecida por cinco planos de saúde,incluindo o sistema público SUS. Os direcionadores de custos constituem a base para amensuração dos custos através do método ABC (Activity Based Costing). Autores comoTurney (1991), Kaplan e Cooper (1998) identificaram duas categorias de direcionadores: osde recursos e os de atividades. Para eleger os direcionadores que melhor identificam a relaçãoentre os custos e as atividades, foram tomadas variáveis como: a facilidade na obtenção e noprocessamento, a correlação entre os direcionadores e os recursos consumidos (CHING,2010). Nakagawa (2008) considera que o direcionador de custo é um fator causal queinfluencia o nível e o desempenho de atividades e o consumo resultante de recursos. ParaWaters e Hussey (2004) os sistemas de pagamentos, as informações sobre custos reais, ovolume de serviço e as características dos prestadores e compradores de serviços de saúdeafetam a fixação de preços. Através da revisão de metodologias brasileiras e internacionais,foi estabelecido um quadro referencial para o desenvolvimento do trabalho. A abordagemsistêmica e o ABC foram aplicados em todos os centros de custos do hospital em estudo. Asoito cirurgias que mais contribuem para a renda do hospital foram selecionadas paracusteamento e avaliação. Os valores do ABC foram comparados aos valores reembolsados porcinco planos de saúde, o SUS e quatro privados. Nos oito procedimentos cirúrgicos, osvalores reembolsados pelo sistema público SUS ficaram abaixo dos valores ABC custeados,variando de -64,63% na cirurgia de varizes a -8,60 na colecistectomia. Sem incluir o SUS, amagnitude das variações entre máximos e mínimos dentre os valores reembolsados pelosplanos, em cada tipo de cirurgia, chama a atenção. Na colecistectomia, a variação foi de86,67% em relação ao valor obtido pelo custeamento ABC, mínimo de -35,28% e máximo de51,39%. Mesmo quando a comparação é realizada entre os grandes planos nacionais, asvariações entre reembolsos são acentuadas. No caso da herniorrafia inguinal, o máximo foi17,68% acima do valor custeado e o mínimo -34,04%, perfazendo uma variação total emtorno do custo ABC de 51,72%. Os resultados sugerem que os planos de saúde nacionaistrabalham com metodologias não convergentes na formação de suas tabelas de remuneração.

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