Fluxo de Conhecimento em Setores Inovadores: Como a interação universidadeempresa na Holanda pode ajudar a identificar a inovação no Brasil?
Informações
Código: GCT241
Divisão: GCT - Gestão de Ciência, Tecnologia e Inovação
Tema de Interesse: Tema 06 - Inovação, Tecnologia e Competitividade
Autores
Gustavo Dalmarco, Paulo Antônio Zawislak
Resumo
Universidades são consideradas como o principal responsável pelo conhecimento de fronteiranecessário para o desenvolvimento de produtos e processos inovadores. Em paísesdesenvolvidos, a interação universidade-empresa (U-E) é um complemento ao conhecimentodas instituições, enquanto em países emergentes, onde a matriz tecnológica corrente éultrapassada, universidades são utilizadas para solucionar problemas técnicos, rebaixando seuconhecimento para aplicações correntes. Entretanto, apesar de 7% das empresas brasileirasserem consideradas de alta tecnologia, setores considerados tecnologicamente inertes estãorealizando parcerias com universidades, incorporando novas tecnologias em suas rotinas.Acredita-se que a visão tradicional da U-E, baseada em canais e atores, não seja suficientepara descrever o que vem ocorrendo no Brasil. Este artigo propõe uma nova abordagem da UE,baseada no fluxo de conhecimento. Complementando a visão tradicional, espera-se que ofluxo de conhecimento, descrito pelo sentido do fluxo estabelecido pelos atores e peloconteúdo de conhecimento transferido, possa melhor descrever o que vem ocorrendo nossetores tradicionais do Brasil. Para tanto serão propostos indicadores que possam apontar osentido e o conteúdo do fluxo presente na U-E. De forma a verificar os indicadores propostos,um estudo exploratório será conduzido na Holanda, país referência pela avançada estrutura deinovação. Os setores escolhidos serão o setor espacial, reconhecido pela inovação, e o setor dehorticultura. Atualmente o Brasil tem se destacado na produção agrícola, desenvolvendonovas tecnologias que alavancaram as exportações nacionais. O método utilizado foi deestudo de casos múltiplos, onde 4 empresas, 2 centros tecnológicos e 1 universidade foramentrevistadas em cada setor, totalizando 14 entrevistas. O setor espacial holandês é guiadopelos desenvolvimentos tecnológicos da Agência Espacial Européia (ESA), em conjunto comas universidades locais. Tais desenvolvimentos balizam a tecnologia das demandas por novosprodutos (satélites, sondas), que devem ser executados pelas empresas. As empresas por suavez se associam a centros tecnológicos, que desenvolvem aplicações de elevado níveltecnológico. Estas relações são descritas no fluxo de conhecimento por relações com conteúdovoltado ao desenvolvimento científico-tecnológico, demonstrando a vocação inovadora dosetor. Já no setor de horticultura, a elevada capacidade tecnológica das empresas as leva abuscar o conhecimento científico nas universidades, desenvolvendo aplicações internas. Emambos os setores há um papel importante do governo, onde subsídios para a pesquisacientífica e aplicada são disponibilizados em projetos conjuntos entre empresas euniversidades. Por fim, ambos os setores apresentam uma cadeia de inovação universidadecentrotecnológico-empresa bem definida, baseada no suporte do governo. Os indicadorespropostos no fluxo de conhecimento descreveram satisfatoriamente o que ocorre na Holanda eespera-se que, num estudo futuro, descreva como a U-E vem ocorrendo no Brasil,evidenciando comportamentos inovativos que não são claros com a aplicação das teoriasatuais.
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