Empreendedorismo na Base da Pirâmide Social: o Fenômeno das Lan Houses na Comunidade da Rocinha no Rio de Janeiro
Informações
Código: GCT2471
Divisão: GCT - Gestão de Ciência, Tecnologia e Inovação
Tema de Interesse: Tema 02 - Inovação e Empreendedorismo
Autores
Sandra Regina Holanda Mariano, Joysi Moraes, Silvio Joaquim Medeiros
Resumo
Este artigo apresenta um estudo sobre o comportamento de empreendedores que estãona base da pirâmide social, mais especificamente, moradores de comunidades como a daRocinha, no Rio de Janeiro, onde foi realizada a pesquisa. Os empreendedores destascomunidades constituem o que Rocha e Silva (2008) classificam como “elite dos pobres”, umgrupo constituído por microempresários locais, com moradias melhores e mais bemlocalizadas, que se relacionam entre si e se constituem em símbolos de ascensão social para osdemais. Foram escolhidos empreendedores que investiram em lan houses, empreendimentoque tem contribuído para a inclusão digital da população brasileira com baixa renda(BARBOSA, 2010).A base teórica é pela perspectiva comportamentalista, especialmente as construções deMcClelland (1961; 1971), onde se entende que três motivos/necessidades podem orientar adinâmica do comportamento da pessoa: realização, afiliação e poder. Sendo o empreendedor,percebido por sua estrutura motivacional, marcada pela necessidade de realização.Foi realizada uma survey utilizando o Thematic Apperception Test, proposto porMcClelland (1961; 1971) e adaptado por Silva (1991) para o contexto brasileiro. Oquestionário, estruturado em cinco blocos permitiu conhecer desde o perfil demográfico doempreendedor às suas características comportamentais empreendedoras. Das 92 lan houses daRocinha, 44 empreendedores responderam o questionário, com 40 respostas válidas. Aamostra foi não probabilística, a partir do critério de acessibilidade física à própria Rocinha.Constatou-se que 75% destes empreendedores são homens e 82,5%, são moradores daprópria comunidade com idade entre 18 e 36 anos (77,5%). Verificou-se que têm umamotivação relacionada com a oportunidade, movida pela busca de independência e peloaumento de suas rendas, como pode ser percebido pela média obtida nas respostas comrelação à “sempre tive vontade de ter meu próprio negócio” (4,1) e “decidi abrir a lan housepara que ela seja um complemento na renda familiar” (4,0). Os respondentes acreditam que asoportunidades podem ser identificadas, que não são resultado de sorte ou ação do acaso, pois65% dos respondentes discordam que “o que importa mesmo é ter sorte”, confirmado pelos90% que discordam da afirmação “penso como o Zeca Pagodinho, deixo a vida me levar”.Destaca-se que parte dos empreendedores duvida do mérito relacionado a trabalharduro e alcançar os objetivos, pois apenas 45% concordam que “as coisas só acontecem paraquem trabalha duro”, embora se mostrem persistentes, pois 85% deles discordam daafirmação “parto logo para outra oportunidade quando as coisas começam a dar errado” e92,5% acreditam que “para superar os obstáculos da vida é preciso manter-se firme nosobjetivos e até mudar de planos para alcançar o que se pretende” e, ainda, 90% concordamque é preciso esforço e até fazer um “sacrifício pessoal” para alcançar os objetivos.
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