EnANPAD 2011

Trabalhos apresentados


Sujeitos Estrategistas, suas Escolhas, Decisões e Estratégias


Informações

Código: ESO2363
Divisão: ESO - Estratégia em Organizações
Tema de Interesse: Tema 10 - Perspectivas Organizacionais e Sociológicas da Estratégia

Autores

José Coelho de Andrade Albino, Carla Lima Cattabriga, Otávio Rezende, Rodrigo César Severino Neiva

Resumo

Organizações não criam ou realizam estratégias: sujeitos o fazem. Sujeitos queinvestem seu talento, criatividade, paixão e energia no desenvolvimento de atividadesestratégicas. Entender os indivíduos enquanto estrategistas é um dos temas principais daspesquisas dentro da abordagem da “Estratégia como Prática”, uma vez que seu foco estácentrado na compreensão da estratégia enquanto prática social, ou seja, nas formas como osestrategistas realmente agem e interagem; como expressam sua criatividade dentro deprocessos estratégicos; como promovem seus interesses e o que obstrui o alcance dosmesmos; enfim, como as atividades de “fazer estratégia” e organizar atraem ou suprimem acriatividade e a inovação desses indivíduos. Nesse contexto, este ensaio teórico buscaesclarecer como os estrategistas, compreendidos como sujeitos históricos e ativos, sãoconstituídos, produzem sentido e desenvolvem práticas estratégicas que implicam em escolhase decisões. Para tanto, foram conjugados referenciais teóricos oriundos da Teoria da Prática(BOURDIEU, 1986, 1990, 1996, 2002, 20003, 2004 e 2006; BOURDIEU, DELSAULT,2001; BOURDIEU, CATANI, 2006) e Estratégia como Prática (MANTERE, BALOGUN,JARZABKOWSKI, 2009; JOHNSON et. al., 2007; WHITTINGTON, 1988, 1992 e 2006;RASCHE, 2005; CHIA, 1994; CHIA, MACKAY, MASRANI, 2005; MACKAY, CHIA,2005). Como contribuição, destaca-se a compreensão do “sujeito estrategista” sendoconstituído por meio de configurações subjetivas, que não lhe são conscientes, assim comopor projetos, reflexões e representações que ele produz de forma consciente e que têmcapacidade de subjetivação. Trata-se de um sujeito histórico, cujas opções não estãodelimitadas apenas pelas influências externas, mas também pelo desenvolvimento de seuhabitus. Percebe-se, assim, que a unidade entre o social e o psicológico rompe com a divisãomecanicista da externalidade de um em relação ao outro, sendo que a formação social dapsique passa a ser vista como um processo de produção (de sentido de si). Como possui umhabitus, o sujeito produz estratégias que lhe permitem integrar práticas oriundas de diferentesespaços sociais ou que co-existem em tempos diferentes, operando, assim, dentro de umacomplexidade cada vez maior. Dessa forma, pode-se dizer que a processualidade e aorganização são dois momentos que se apresentam em constante relação dialética,caracterizando o desenvolvimento da subjetividade ao mesmo tempo social e individual.Nesse contexto, decisões não dizem respeito a “escolhas” ou “intenções”, mas ao “desejo deordenar”. Ou seja, tais atos ontológicos de micro-decisões são o que produz e sustenta aversão de realidade para a qual os sujeitos estrategistas, respondem. Já a estratégia passa a servista como uma “estruturação lingüística da realidade, configurando-se como um processoativo de “esculpir a realidade” ou um “ato ontológico” de recortar uma visão da realidadedaquilo que antes era indistinguível”.

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