A "Practice Turn" e o Movimento Social da Estratégia Como Prática: Está Completa Essa Virada?
Informações
Código: ESO1492
Divisão: ESO - Estratégia em Organizações
Tema de Interesse: Tema 10 - Perspectivas Organizacionais e Sociológicas da Estratégia
Autores
Cristiano de Oliveira Maciel, Paulo Otávio Mussi Augusto
Resumo
Em 2006, Richard Whittington, o principal autor da corrente de pesquisa denominadaEstratégia Como Prática (Strategy as Practice), publicou o artigo Completing the PracticeTurn in Strategy Research. Nesse trabalho foi apresentada uma estrutura de análise que,pretensamente completaria a virada da prática nessa área de pesquisa ao considerar diferentesníveis da prática (micro e macro). Entretanto, críticas foram e continuam sendo dirigidas aosestudos realizados sob essa perspectiva, o que evidencia a necessidade em avaliar como estáse dando a Practice Turn nos estudos sobre estratégia. Assim, o objetivo no presente artigofoi analisar a virada da prática nos estudos sobre estratégia, tanto no que concerne àsprincipais características quanto à finalização desse ciclo ao tomar essa abordagem como ummovimento social. Esse objetivo foi desdobrado nas seguintes perguntas de pesquisa: (i) noque consiste a virada da prática no campo da estratégia? (ii) como tem se dado e quais são ascaracterísticas dessa virada da prática nesse campo de estudos? (iii) está de fato completa essavirada da prática? O quadro teórico de referência foi dedicado à apresentação das principaiscaracterísticas da Practice Turn na Teoria Social e da proposta da Strategy as Practice. Naescolha do método optou-se pela pesquisa não reativa de documentos existentes (dadossecundários) (NEUMAN, 1997). A partir desse método foram selecionados os principaisperiódicos da área de Administração e Estratégia de acordo com o Journal Citation Reports,observando aqueles com maior fator de impacto. Com a amostra de 59 artigos, o movimentosocial da Strategy as Practice foi analisado à luz dos três momentos sugeridos por Hambricke Chen (2008): (i) diferenciação; (ii) mobilização; e, (iii) construção de legitimidade. A (i)diferenciação foi analisada ao se destacar as promessas da Strategy as Practice, sobretudo noque ela tentou se diferenciar da literatura sobre Processo Estratégico. A (ii) mobilização foiexaminada via observação da ação coletiva dos pesquisadores desse campo e por meio daAnálise de Redes Sociais para co-autorias. A (iii) construção de legitimidade do movimentofoi analisada a partir da consideração dos resultados alcançados pela Strategy as Practice nostrabalhos que fizeram parte da amostra. Os resultados permitem concluir: (i) a virada daprática no campo da estratégia consiste em relacionar a corporeidade dos atores sociais, seusobjetos e formas de uso, seus conhecimentos, habilidades, estados de emoção e motivaçõescentralmente à prática; (ii) essa virada está concentrada, em termos relacionais, nospesquisadores R. Whittington e P. Jarzabkowski, com trabalhos predominantementeorientados e presos ao velho vocabulário da sociologia da regulação; (iii) no que concerne àconsecução ou finalização da virada da prática, como foi pretensamente colocado porWhittington (2006), conclui-se que a virada da prática nos estudos sobre estratégia não estácompleta, na medida em que examina as práticas relativamente num vácuo organizacional.Logo, é preciso recuperar a organização no estudo da prática, redefinindo o próprio termo“organização” nesse movimento social.
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