PESQUISA QUALITATIVA NO CAMPO DE GESTÃO INTERNACIONAL: SERÁ ELA REALMENTE QUALITATIVA?
Informações
Código: ESO827
Divisão: ESO - Estratégia em Organizações
Tema de Interesse: Tema 08 - Negócios Internacionais
Autores
Gabriel Vouga Chueke, Manolita Correia Lima
Resumo
O presente ensaio-teórico tem por objetivo contribuir para o debate sobre questõesmetodológicas intrínsecas ao processo de produção de conhecimento no campo da gestãointernacional. Acredita-se que produzir conhecimento na área de gestão internacional édesafiante, por se tratar de um fenômeno amplo, controverso e multifacetado, cujacomplexidade tem justificado a formulação de múltiplas teorias e modelos de análise.Entretanto, um olhar crítico sobre a literatura revela que as investigações desenvolvidas nessecampo têm sido predominantemente conduzidas com o suporte de metodologias quantitativas,fortemente influenciadas pela visão hegemônica norte-americana. Estudos bibliométricosrealizados por Wright (1994), Werner (2002), Peterson (2004), Seno-Alday (2009) empreendemesforços para mapear a evolução da área de gestão internacional, os resultados corroboramcom a afirmativa anterior, apontando que há predominância de investigações de basequantitativa; escassez de diversidade de métodos explorados e supremacia do paradigmafuncionalista. Entretanto, observa-se, que o uso de paradigmas críticos e interpretativos, porexemplo, pode colaborar para a emergência de um campo vibrante na medida em que dispõemde visões teóricas distintas e de potencial para enriquecer a compreensão da complexidade,ambigüidade e paradoxos organizacionais, possibilitando a formulação de teorias maisinclusivas (LEWIS e GRIMES, 2007). Apesar das dificuldades apontadas, Marschan-Piekkari eWelch (2004) destacam alguns aspectos que podem contribuir para o fortalecimento daabordagem qualitativa na pesquisa em gestão internacional. Um deles se refere à ausência deteorias sofisticadas, decorrentes da pouca maturidade teórico metodológica do campo, issojustificaria a necessidade de realização de pesquisas exploratórias ao invés de testesempíricos, que pressupõem constructos teóricos ainda pouco desenvolvidos. Outro ponto,seria a questão da interculturalidade, acredita-se que a exploração de métodos qualitativos –por valorizar o contexto e trabalhar com dimensões holísticas – pode contribuir para a melhorcompreensão da realidade na medida em que sofrerão menor influência do etnocentrismo,freqüentemente observado na condução de surveys internacionais (MARSCHAN-PIEKKARI eWELCH, 2004). Talvez, essa limitação do campo em relação a abordagens qualitativas decorrada pouca familiaridade da academia em lidar com metodologias mais interpretativistas(MARSCHAN-PIEKKARI e WELCH, 2004), em que a credibilidade, transferibilidade, confiança econfirmabilidade substituem a validade interna, validade externa, confiabilidade eobjetividade (DENZIN e LINCON, 2006; MATTOS, 2006).
Abrir PDF