Impactos do Capital Social e Cidadania Organizacional no Trabalho: Um estudo comparativo entre Brasil e Portugal
Informações
Código: EOR736
Divisão: EOR - Estudos Organizacionais
Tema de Interesse: Tema 09 - Indivíduos, Grupos e Comportamento em Organizações
Autores
Filipe João Bera de Azevedo Sobral, Filipe Jorge Ribeiro de Almeida, Joana Prista
Resumo
Num contexto de grande incerteza na economia mundial, as organizações em geral e asempresas em particular enfrentam um desafio de sustentabilidade sem precedentes. Mais doque a valência técnica, a imagem de mercado ou a qualidade das idéias, é o envolvimentopessoal e o correspondente desempenho individual que determinam o êxito coletivo de umaorganização. Neste sentido, o objetivo desta pesquisa é estudar como o Capital Social(identificado com as redes de relações pessoais e profissionais) e o Comportamento deCidadania Organizacional (identificado com a disponibilidade para adotar comportamentosextra-papel), influenciam a Satisfação com a vida e o Desempenho no trabalho. Para o efeito,foi realizado um estudo, através de questionário estruturado, envolvendo 454 funcionários deempresas do Brasil e de Portugal. A comparação das realidades destes dois países épertinente, dada a crescente ligação entre as suas economias nacionais, aliada aos fortesvínculos culturais que historicamente os unem.Os resultados mostraram que as relações pessoais com colegas de trabalho têm um papel maissocial em Portugal, ligado à satisfação pessoal, e mais instrumental no Brasil, ligado aoaproveitamento dessas redes para o bom desempenho no trabalho. Já as relações com afamília revelaram-se estranhamente indiferentes à satisfação e ao desempenho, evidenciandoo possível efeito de desconforto e insegurança que o cumprimento de acentuadas expectativaspode gerar. Por outro lado, prevalece em ambos os países a confiança nos colegas e naorganização como um elemento estruturante da estabilidade pessoal, embora não apresenteuma relação direta com o desempenho profissional. Também parece coincidir em ambos aprevalência de um imperativo de consciência de agir em conformidade com a normaorganizacional e de obedecer a expectativas implícitas como fontes de satisfação e do bomdesempenho. Uma diferença interessante é a presença significativa de uma predisposiçãoaltruísta de auxílio ao outro no Brasil como meio de atingir o bem-estar pessoal e de melhoraro desempenho, aparentemente ausente no contexto português. Este resultado podeeventualmente revelar uma cultura de não expectativa de reciprocidade em Portugal perante aajuda concedida.Esta pesquisa pretendeu abordar o desempenho organizacional a partir do estudo dodesempenho e da predisposição individual para agir intencionalmente em benefício dosobjetivos coletivos. O entendimento da dimensão social do desempenho, enquanto indicadorade integração social e de disponibilidade pessoal, pode ser um fator relevante para o êxito deuma organização, beneficiando todos os agentes e atores que a integram. A comparação entreo Brasil e Portugal representa um contributo para o conhecimento aprofundado acerca doscondicionantes culturais da integração empresarial e organizacional recíproca.
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