EnANPAD 2011

Trabalhos apresentados


De Território de Consumo a Território de Luta Pela Livre Orientação Sexual: os conflitos em torno do Centro Comercial Nova Olaria (Porto Alegre)


Informações

Código: EOR2477
Divisão: EOR - Estudos Organizacionais
Tema de Interesse: Tema 12 - Simbolismos, Culturas e Identidades em Organizações

Autores

Maria Ceci Misoczky, Paulo Rodrigues Cerqueira, Guilherme Dornelas Camara, Gabriela Cordioli Coto

Resumo

No campo disciplinar da Administração o tratamento dos temas relacionados àsexualidade tem recebido grande influência dos estudos culturais e da analítica queer, quecompartilham a exclusão do tema das classes sociais, enfatizando as dimensões discursivas esimbólicas, em sua relação com os valores culturais, considerados centrais para a superaçãoda discriminação e da homofobia. É neste contexto de produção acadêmica e tomando comoreferência os conflitos sobre quem tem direito de ocupar o espaço de um centro comercial eseu em torno, na cidade de Porto Alegre, que este artigo foi elaborado. O texto aborda osconflitos que se estendem há cerca de cinco anos em torno do Centro Comercial Nova Olaria,que desde sua inauguração era um local frequentado pela classe média porto-alegrense,grande parte composta por homossexuais. Originalmente, a estratégia de mercado do Olaria seorientou, centralmente, pela noção de cosmopolitanismo nos termos delienados por Binnie eSkeggs (2004): consumo da diferença. Além dos homossexuais de estilo de vida desejável,sofisticados consumidores terem uma função própria em suas transações comerciais com osestabelecimentos ali localizados, também contribuíam para atrair um público desejoso de servisto como igualmente sofisticado. No entanto, a partir de 2005, o público de homossexuaisde classe média se deslocou para outra área da cidade, tendo sido substituído no Olaria porum público mais jovem e com menor poder aquisitivo, que continuou utilizando-o comoponto de encontro. Desde então tem ocorrido sucessivos episódios de violência por parte dosseguranças do local, com os quais também a Brigada Militar do Rio Grande do Sul seenvolveu. Na abordagem desses conflitos, remetemos às formulações de Heaphy (2011) emdefesa da necessidade de reconfigurar os estudos sobre sexualidade tomando as identidades declasse como centrais para as identidades sexuais, de modo a compreender os processos atravésdos quais algumas identidades são imbuídas de valor enquanto outras são desvalorizadas. Acontribuição teórica desse artigo reside em articular identidade sexual, classe social econsumo com as noções de espaço e território para que se possa compreender as ações sociaisde jovens que, indesejados em um território de consumo, produzem um território deresistência e luta. O texto inicia com a discussão sobre a importância da articulação entre taistemáticas; em seguida aponta a sua potencialização quando vinculada a uma abordagem sobrea produção de territórios; por fim, são apresentados e analisados os conflitos mencionados.Reconhecemos que, no território que produzem, todos os domingos, os jovens lutam pelaexpressão livre de sua sexualidade, rechaçam a apropriação capitalista do espaço público e aideologia do consumismo.

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