EnANPAD 2011

Trabalhos apresentados


"A Primeira Vez a Gente Nunca Esquece": A Experiência Subjetiva de se Tornar Gerente Pela Primeira Vez


Informações

Código: EOR21
Divisão: EOR - Estudos Organizacionais
Tema de Interesse: Tema 12 - Simbolismos, Culturas e Identidades em Organizações

Autores

Angelo Brigato Ésther, Bruna Gabriela A. M. do Carmo

Resumo

A despeito de se encontrar material relativamente rico sobre a gestão, ainda pode serconsiderada precária a bibliografia sobre as experiências subjetivas vivenciadas pelosindivíduos. Pouco se sabe sobre como os gestores encaram seu trabalho, como se vêem ecomo lidam com sua dinâmica profissional, como seus pares os percebem como gestor, comoos gestores lidam com as relações de trabalho e de poder em suas organizações ou como eleschegam a ocupar os altos cargos gerenciais. Enfim, pouco se sabe sobre como os gestoresconstroem sua identidade gerencial. Menos, ainda, sabe-se sobre como os “novos gerentes” –aqueles que ocupam o cargo gerencial pela primeira vez – vivenciam tal experiência.Entende-se o trabalho gerencial como repleto de ambiguidades, contradições, dilemas edificuldades intrínsecas à função e que, ao contrário das abordagens tradicionais, a gestãopode ser entendida como uma prática social, o que recoloca o sujeito no centro das análises.Nesse sentido, a subjetividade ocupa espaço de destaque, particularmente a questão daidentidade. A despeito das concepções acerca da identidade serem diversas, em geral, elasdizem respeito às representações que os indivíduos elaboram sobre si mesmos e os outros,sendo construídas na relação do indivíduo com o outro (indivíduo, grupo ou organização, porexemplo), como resultado dos diversos processos de socialização, sendo as organizações umespaço privilegiado de construção de identificações e de definições de si e dos outros. Apesquisa realizada teve por objetivo geral compreender como os indivíduos constroemsubjetivamente sua identidade gerencial, durante o primeiro ano de sua experiência num cargogerencial. Em termos metodológicos mais gerais, a pesquisa foi conduzida tal como aquelarealizada por Linda Hill. A coleta dos dados primários foi feita por meio da entrevista semiestruturada,bem como a técnica de construção de desenhos, que tem a vantagem de estimulara manifestação de dimensões emocionais, psicológicas e políticas. A pesquisa foi realizadacom seis “novos gerentes”, além de um subordinado e um superior. Os novos gerentes estãohá pouco tempo na função, mas não se pode afirmar que eles completaram a transição. Emtodos os depoimentos, a adaptação psicológica se fez evidente. De fato, assumir uma novaidentidade, cuja configuração requer pensar, sentir e avaliar como gerente, sobretudo quandose leva em conta o contexto que condiciona o ingresso na função. De uma forma ou de outra,todos tiveram de aprender o que significa ser gerente, sobretudo quando destacaram que seussuperiores esperam deles nada menos do que resultados e aprendizado constante. Com otempo, passaram a desenvolver seus julgamentos acerca das pessoas que os cercam e com asquais trabalham, daí a menção recorrente à equipe em quase todas as perguntas e fases dasentrevistas. Observa-se, inclusive, que com o tempo, os gerentes vão se tornando mais críticose exigentes. Por fim, a luta contra as tensões e as emoções estão mais implícitas do queimplícitas nas palavras dos novos gerentes, embora às vezes os medos e tensões venham àtona.

Abrir PDF