Funcionalismo e Interpretativismo em um Processo de Transformação Organizacional: O simbolismo na perda do legado vinculado ao fundador

Informações

Código: EOR144
Divisão: EOR - Estudos Organizacionais
Tema de Interesse: Tema 08 - Organizações Familiares

Autores

Henrique César Muzzio de Paiva Barroso

Resumo

Este artigo possui o objetivo de apresentar as especificidades envolvidas em um processo detransição organizacional em uma empresa familiar em que ocorre uma fragilização do legadodo fundador a partir de uma perspectiva simbólico-cultural. A importância e o diferencialdesta pesquisa residem em contemplar este fenômeno em uma empresa familiar de grandeporte em que ocorre, simultaneamente, a sucessão e a profissionalização gerencial. Asorganizacionais familiares constituem um espaço privilegiado para o simbolismo, pois oslaços familiares potencializam o compartilhamento de determinados valores que tornampossíveis a compreensão de certos comportamentos. A discussão sobre a profissionalização ea sucessão está ligada à própria natureza da empresa familiar e envolve fatores econômicos(performance empresarial) e não econômicos (capital social). Este capital social é algocomplexo e tácito, sendo composto por normas, por valores, pela cooperação, pela visão, pelaintenção e pela confiança existentes em uma firma familiar (PEARSON; CARR; SHAW,2008). As empresas familiares são objeto de visões opostas sobre a capacidade de gestoresfamiliares possuírem habilidade para gerenciar um negócio de forma competitiva(SINDHUJA, 2009; MILLER; LE BRETON-MILLER, 2006). A empresa investigada está emum processo de sucessão e de profissionalização, dois momentos marcantes em empresasfamiliares (CHITTOOR; DAS, 2007), em que a ruptura com valores familiares podedesencadear trajetórias conturbadas. Utilizando o antagonismo entre a visão dos novosgestores profissionais, analisados sob a perspectiva funcionalista, e antigos empregados,vinculados a uma visão interpretativista, esta pesquisa faz uso do estudo de caso paracontrapor os ditos e os não ditos no espaço simbólico organizacional. Foram realizadas vinte esete entrevistas semi estruturadas em três unidades empresarias com funcionários de quatroníveis hierárquicos (Diretoria, Gerência, Supervisão e Coordenação). Os dados foramanalisados através da análise de conteúdo. Os resultados demonstram uma degradação dosideais do fundador diante do discurso modernizante implantado pelos gestores profissionais.O afastamento das funções operacionais pelo fundador e a profissionalização da Diretoria e daGerência da empresa deflagraram um processo de diluição do seu legado em nome de outrosvalores que foram associados a uma questão de competitividade e longevidadeorganizacional. Ancorado em um discurso de mudar ou morrer, se viu uma tentativa, por partedos novos gestores, de impor uma nova cultura organizacional. Ainda assim, é evidente queuma mudança cultural não ocorre com a celeridade que estes gestores desejam. Os gestoresprofissionais buscam implantar um discurso associado a questões instrumentais, mas estavisão não é suficiente para contemplar a totalidade da empresa investigada, principalmente noseu contexto simbólico, o que faz emergir as contradições entre os respondentes.

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