EnANPAD 2011

Trabalhos apresentados


Gênero e Ciência: A Presença Feminina em Institutos Públicos de Pesquisa


Informações

Código: EOR2782
Divisão: EOR - Estudos Organizacionais
Tema de Interesse: Tema 07 - Gênero e Diversidade

Autores

Ludmila Maria Batista de Brito Ribeiro

Resumo

Apesar do crescimento feminino nas universidades brasileiras e nos cursos de pós-graduação;do modo de ingresso na carreira de ciência e tecnologia, por concurso público e universal;ainda existem dúvidas acerca da garantia de maior igualdade de carreira entre homens emulheres no mercado de trabalho da produção da ciência e do desenvolvimento da tecnologia.Não foram identificados estudos sobre a presença feminina nos Institutos de Pesquisa doMinistério da Ciência e Tecnologia (MCT) do Brasil, e por isso, esta pesquisa representa umprimeiro esforço para compreender como mulheres cientistas estão presentes nos diferentescargos e funções voltadas para o desenvolvimento científico, tecnológico e de inovaçãonacional. Sendo assim, este artigo teve como objetivo analisar a composição demográfica de14 (quatorze) institutos de pesquisa públicos vinculados ao MCT quanto à dimensão: sexo,enquadramento funcional e funções de Direção e Assessoramento Superior (DAS). Trata-sede uma pesquisa exploratória, realizada mediante um levantamento de dados secundáriosfornecidos pelas diretorias dos institutos de pesquisa, vinculados ao MCT, que compõem osistema de Ciência, Tecnologia e Inovação (CT&I) do Brasil. Contabilizou-se um total de1.401 cientistas (ocupantes de cargos de pesquisadores e tecnologistas). Os resultadosrevelaram que as mulheres cientistas ocupam 32% dos cargos de pesquisadores etecnologistas, denotando um reflexo da divisão sexual do trabalho (BOURDIEU, 2002;MARRY, 2008). Somente 9% das cientistas ocupam funções de gestão nessas instituições,evidenciando o fenômeno do “teto de vidro”. Trata-se de uma barreira tão sutil e transparente,que parece impossibilitar a ascensão de mulheres às funções de poder no mercado de trabalho,exclusivamente por pertencer ao gênero feminino e não por inabilidade de ocupar posições notopo da hierarquia organizacional (STEIL, 1997). Essa representação desproporcional dasmulheres torna-se um fator importante na estrutura social do ambiente de pesquisa.Configuradas como minoria, as mulheres tornam-se tokens, com impactos negativos geradosem função desta posição (TSUI; EGAN; O´REILLY, 1992). Um olhar para a composiçãodemográfica desses institutos de pesquisa, sob a perspectiva da divisão sexual do trabalho(KERGOAT, 2008), pode se constituir em uma abordagem teórica e metodológica de análisedas relações de gênero (KERGOAT, 2008) no âmbito do sistema de ciência e tecnologiabrasileiro atual.

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