Mulheres gerentes: a centralidade da maternidade na construção da identidade de gênero no trabalho

Informações

Código: EOR1987
Divisão: EOR - Estudos Organizacionais
Tema de Interesse: Tema 07 - Gênero e Diversidade

Autores

Nereida Salette Paulo da Silveira, Darcy Mitiko Mori Hanashiro

Resumo

O presente estudo buscou investigar como as identidades de gênero de mulheres emposição gerencial são construídas no trabalho por meio das interações. Nas sociedadescontemporâneas as mulheres estão alcançando postos cada vez mais altos na hierarquia dasorganizações. Embora a inserção das mulheres nas organizações não seja um fenômeno novo,a sua ascensão aos cargos mais altos, tradicionalmente ocupados por homens, é um fatorecente, e que implica em novas configurações das relações de gênero, cujos reflexosidentitários ainda têm sido pouco explorados. Há um consenso de que a construção daidentidade de gênero seja um processo negociado com o ambiente. Entretanto, são escassos osestudos sobre como esse processo ocorre no ambiente organizacional. Alguns estudosapontam que ao avançarem profissionalmente as mulheres se masculinizam, buscandoadaptar-se aos modelos masculinos prevalentes na maioria das organizações. Contrariamente,outras investigações evidenciam que a maior representação de mulheres nos níveishierárquicos superiores das organizações leva a uma feminização das concepções degerenciamento, à redução dos estereótipos de papéis sexuais e a relações de gênero menosproblemáticas. Contudo, para compreender a complexidade da discriminação de gênero, queresulta em condições desiguais para a vida profissional de homens e mulheres, precisamossituar a compreensão de gênero como um sistema gênero, com elementos perceptíveis emquaisquer níveis de análise. Envolve a divisão sexual do trabalho no nível macrossocial,estereótipos e preconceitos de gênero no nível das interações interpessoais e intergrupais e, nonível individual a produção de masculinidades e feminilidades. O estudo não partiu de umahipótese, e sim de uma pesquisa exploratória, buscando compreender que elementos podemestar presentes nesse processo e como se relacionam entre si. Para tanto optamos por umaabordagem metodológica qualitativa fundamentada nos dados (Grounded Theory) orientadapelo referencial epistêmico-teórico do interacionismo simbólico estrutural. Os dados foramobtidos a partir de entrevistas em profundidade com 13 mulheres em posição gerencial emempresas de médio e grande porte no estado de São Paulo. A análise comparativa dos dadospossibilitou a proposição de um modelo que traz a necessidade de lidar com as concepções eexperiências em torno da maternidade como elemento central na construção de múltiplasidentidades de gênero. Para alcançarem posições mais altas na hierarquia organizacional, asmulheres precisam não apenas superar as tradicionais barreiras explícitas e implícitas que seimpõem, mas também necessitam lidar com a maternidade construída socialmente. Issosignifica lidar com a própria identidade de gênero que é, em grande parte, construída em tornoda ideia da maternidade. Esse processo, intermediado pela contínua e dinâmica avaliação deautoeficácia no desempenho das identidades de papel, fornece condições para areconfiguração de significados e identidades.

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