O Desafio do Empreendedorismo Feminino

Informações

Código: EOR1980
Divisão: EOR - Estudos Organizacionais
Tema de Interesse: Tema 07 - Gênero e Diversidade

Autores

Daniel Teodoro Gomes, Paulo Vítor Guerra, Bruna Nobre Vieira

Resumo

Diversos estudos apontam que a maior parte das mulheres que abrem negócios próprios alegacomo motivos principais a realização pessoal e a percepção de uma oportunidade de mercado,a dificuldade de ascensão na carreira, a necessidade de sobrevivência e a possibilidade deconciliar trabalho e família, sendo que os três últimos diferem dos motivos normalmenteencontrados em estudos que não fazem o recorte de gênero. O presente trabalho buscoucompreender como as mulheres percebem estas motivações, principalmente a dificuldade deascensão dentro das organizações e a necessidade de conjugar trabalho e vida pessoal, comoalgo que as levou ao empreendedorismo. Para alcançar tal objetivo foram realizadasentrevistas com diversas mulheres empreendedoras ou em cargos de gerência e direção emorganizações localizadas em sete capitais brasileiras. As narrativas coletadas foram analisadasatravés da técnica de Análise do Discurso, utilizando-se as categorias propostas por Faria eLinhares (1993). A escolha por incluir na amostra não apenas mulheres que conduzemnegócios próprios como também aquelas que exercem cargos de gerência e direção dentro deorganizações baseia-se na tendência atual do campo de localizar o empreendedor, ou melhor,a empreendedora, também dentro da organização. Seguindo esta tendência, o presentetrabalho amplia o escopo dos estudos sobre empreendedorismo feminino, geralmente focadosem mulheres que abrem empresas próprias. Esta escolha enriqueceu a amostra e a diversidadedos relatos, e, mais importante, possibilitou uma visão completa do fenômeno “teto-de-vidro”e das barreiras culturais que impedem as mulheres de ocupar cargos mais altos nasorganizações ou de desenvolverem seus próprios negócios. Baseados na proposta dedestruição criadora de Schumpeter (1982), Hisrich e Peters (2004) defendem que oempreendedor deve ter a inovação como preocupação central, promovendo mudanças nasorganizações e na sociedade como um todo. Este papel renovador parece ser ainda maisimportante quando se trata de empreendedoras. Como visto na análise das entrevistas e naliteratura revisada, a mulher ainda se encontra na posição secundária de um “outro” nasociedade (BEAUVOIR, 2009), apesar das inquestionáveis conquistas recentes. Oenfrentamento da dominação masculina, colocado muitas vezes pelas entrevistadas como umdesafio a mais a ser vencido, pode ser entendido como parte deste papel renovador dasmulheres empreendedoras, talvez a mais importante de suas conquistas. Seja por meio daabertura de um negócio próprio ou dentro de uma organização, os relatos demonstram que é aluta contra a dominação masculina, reproduzida e reforçada inclusive por muitas mulheres, omaior empreendimento das entrevistadas; luta que tem mostrado resultados nos últimos anos,mas que ainda está longe de ser vencida.

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