EnANPAD 2011

Trabalhos apresentados


Simbolismos de Gênero e Trabalho: Uma Análise das Feminilidades na Gestão


Informações

Código: EOR1777
Divisão: EOR - Estudos Organizacionais
Tema de Interesse: Tema 07 - Gênero e Diversidade

Autores

Raquel Santos Soares Menezes, Ana Paula Rodrigues Diniz

Resumo

O avanço das mulheres no mercado de trabalho tem levantado novas questões acerca daatuação feminina em posições antes ocupadas exclusivamente por homens. A conquista doespaço público por mulheres por si só já é um fato que levou a inúmeras discussões,envolvendo novas atribuições a papéis na sociedade, em especial na brasileira, que temformação histórico-cultural machista e patriarcal. Muito se tem tratado acerca do “peso” e dasdificuldades que acompanham essa trajetória, sendo os binarismos utilizados para tentarexplicar uma gama de situações sociais, ora delimitando espaços, como o público e o privado,ora definindo papéis – masculinos e femininos. Também as ocupações profissionais sãocategorizadas nessa lógica, sendo o trabalho uma importante categoria de diferenciação sexual(ENRIQUEZ, 1990; ALVESSON, BILLING, 2009). Por mais que a literatura gerencialista(FLETCHER, 2004, FONDAS, 1997) aponte para uma pretensa neutralidade em relação aogênero nas organizações, as práticas são desenhadas segundo ideais de masculinidade, aindaque sejam mulheres quem as proponham, já que agora também tem acesso ao “lugar” dadecisão. Assim, pode-se também vislumbrar novas configurações de mulheres e femininosnesse espaço? Ou elas continuam apenas se aproximando dos ideais de masculinidade? Nessesentido, nesse artigo objetivamos compreender os ideais da profissão gestor/executivo nanarrativa das mulheres. Como elas se aproximam/afastam desses ideais? Partimos dopressuposto de que por mais masculina que seja representada uma mulher em cargos decomando, ela não se desvincula de sua condição feminina e, portanto, inferior. Trazendo essaideia para os dias atuais, fica difícil para uma “mulher de negócios” conseguir um equilíbrioentre ser reconhecida como uma líder competente e ao mesmo tempo suficientementefeminina para não ser vista como desprovida das expectativas de gênero (ALVESSON,BILLING, 2009). Para elucidar tais questões, realizamos um recorte em uma pesquisa na qualforam entrevistadas 64 mulheres em cargos de comando em organizações de diversos tiposem sete capitais brasileiras – Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, Salvador, Vitória, SãoPaulo e Rio de Janeiro. Os dados foram analisados por meio da Análise de Discurso Crítica(FAIRCLOUGH, 2008, FIORIN, 2003), possibilitando a identificação de significados dotrabalho executivo que seriam supostamente neutros quanto ao gênero, bem como dasfeminilidades associadas a competências ou incompetências das mulheres para o trabalhoexecutivo. Verificamos certa “glamourização” em torno do que se espera do executivo,independente de quem o seja, homem ou mulher. Entretanto, como o espaço público davalorização social é masculino, as mulheres acabam se aproximando dessa lógica para atenderao que se espera delas em termos de resultados organizacionais. Mesmo competênciasassociadas a feminilidades, como apresentar cautela, jogo de cintura, flexibilidade, capacidadede organização e negociação, são apresentadas como ambivalentes, ora pesando a favor dasmulheres que ocupam os cargos de gestão, ora as condenando como menos aptas para otrabalho executivo do que os homens.

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