A dinâmica identitária de pessoas com deficiência: um estudo no Brasil e nos Estados Unidos
Informações
Código: EOR1250
Divisão: EOR - Estudos Organizacionais
Tema de Interesse: Tema 07 - Gênero e Diversidade
Autores
Lilian Barros Moreira, Mônica Carvalho Alves Cappelle, Maria Nivalda de Carvalho-Freitas
Resumo
A diversidade é um tema bastante complexo e controverso. Engloba as chamadas “minorias”,não em termos numéricos, mas em termos do exercício do poder. Compõem as minorias osnegros, pessoas com deficiência, mulheres, indígenas e outros. Embora haja avanços nessadiscussão, inclusive na legislação, ainda observam-se lacunas quando se fala do trabalho paraessas minorias. Para o presente trabalho, escolheu-se entre as minorias, as pessoas comdeficiência (PCDs), pois segundo a Organização Internacional do Trabalho (2010), elasrepresentam 10% da população mundial, ou seja, cerca de 650 milhões de pessoas, dentre asquais aproximadamente 72% estão em idade produtiva. Nesse sentido, objetivou-se com esteartigo compreender a dinâmica identitária de PCDs inseridas em organizações de trabalho,localizadas no Brasil e nos Estados Unidos. Para isso, elaborou-se um arcabouço teórico combase na identidade, em uma abordagem sociológica. Para responder ao problema de pesquisa,optou-se pela pesquisa qualitativa e exploratória, a partir de uma abordagem interpretativa. Astécnicas de coleta de dados utilizadas foram: a entrevista semi-estruturada e a pesquisadocumental. Foram entrevistadas doze PCDs no Brasil e oito nos Estados Unidos, entrehomens e mulheres. As entrevistas foram gravadas, transcritas e analisadas por meio daanálise de conteúdo. Baseando-se nos pressupostos de Dubar (2005), as análises foramdivididas em duas partes: a “identidade para si” e a “identidade para o outro”. Foi constatadoque, tanto no Brasil como nos Estados Unidos, o trabalho das PCDs entrevistadas configurasecomo um importante instrumento para dar sentido a suas vidas. Além disso, uma dasprincipais barreiras enfrentadas pelas PCDs entrevistadas no que tange ao emprego era aprópria deficiência. Assim, percebeu-se um conflito entre quem o indivíduo é e quem ele achaque deve ser, para poder trabalhar. Observou-se, portanto, que a identidade da PCD éresultado de um movimento de construção e reconstrução entre as suas (muitas) identidades eque a PCD não consegue se identificar apenas por seus olhos, mas ele necessita se ver peloolhar do outro. Não podemos negar que a inserção de PCDs no Brasil e nos Estados Unidosestá acontecendo. Embora ainda haja problemas nesse sentido, comparando-se com poucasdécadas atrás, vemos que houve um significativo avanço nesse aspecto. Entretanto, aocomparar com a evolução do trabalho como um todo, observa-se que há ainda um longocaminho a ser percorrido pelas PCDs rumo à igualdade de oportunidades. Em ambos ospaíses, fala-se sobre a igualdade – premissa básica de suas Constituições – mas observa-seque suas práticas ainda estão distantes dos discursos, tomando como base os relatos dosentrevistados. A pesquisa possui algumas limitações, tais como uma amostra pequena,especialmente nos Estados Unidos, e o pouco tempo de coleta de dados no exterior. Parafuturas pesquisas, o presente trabalho pode servir como referência para estudos comparativos,não apenas em outros países, mas discutindo as próprias regiões brasileiras, visando àelaboração de políticas públicas de acordo com as especificidades de cada lugar.
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