Relações entre Consumo, Cultura e Organizações: Desafios para os Estudos Organizacionais no Brasil
Informações
Código: EOR2373
Divisão: EOR - Estudos Organizacionais
Tema de Interesse: Tema 06 - Estudos Críticos e Práticas Transformadoras em Organizações
Autores
Isleide Arruda Fontenelle
Resumo
Trata-se de um ensaio teórico exploratório, cujo objetivo final é propor a importância do temado consumo para a área de estudos organizacionais no Brasil, a partir de uma abordagemcentrada na crítica da cultura. Parte-se do princípio que a cultura de consumo tornou-sehegemônica nas sociedades capitalistas contemporênas e que as organizações, no interiordesse modelo, exercem um poderoso papel de decodificadoras do “espírito de época”,resignificando-o sob a lógica organizacional. Propõe-se como crítica da cultura um quadroteórico que parte da análise do fetichismo, nas reinterpretações fornecidas inicialmente pelosteóricos da Escola de Frankfurt, que fizeram uso da Psicanálise freudiana e, mais tardiamente,pela releitura do fetichismo da mercadoria de Karl Marx sob o prisma do conceito de gozo emLacan. Essa literatura já vem sendo trabalhada pelo campo internacional dos estudosorganizacionais como se demonstrará no corpo deste artigo. Inicialmente, o artigo recupera odebate internacional sobre o lugar do consumo nos estudos organizacionais, buscandoentender as razões da ausência do tema até o início dos anos 1990; bem como,compreendendo o ponto de partida teórico para a inserção do tema do consumo nos estudosorganizacionais, que se deu a partir de uma perspectiva da Sociologia do Consumo e datemática identitária. Na sequência, discute-se os limites desse quadro teórico e apresenta-se oenfoque internacional contemporâneo do consumo em estudos organizacionais a partir daanálise do consumo cultural, compreendido, neste artigo, como crítica da cultura. Por fim,discute-se a ausência do tema do consumo no campo dos estudos organizacionais no Brasil –bem como no interior da própria Sociologia Brasileira - e sugere-se que o campo assuma atemática a partir do quadro teórico da crítica da cultura que privilegie o cenário local,iniciando-se por um questionamento da própria posição dos acadêmicos do campo de estudosorganizacionais, como consumidores de conhecimento vindo de fora, e da sedução que esseconhecimento importado sempre exerceu sobre a academia brasileira como um todo,mostrando-se as razões disso a partir da abordagem do fetichismo. Ao mesmo tempo, sugereseum mergulho na realidade brasileira buscando-se interpretar o consumo cultural a partir dechave histórica concreta. Partindo-se do pressuposto de que a principal função dasorganizações contemporâneas é produzir consumidores e não objetos, bens ou serviços,sugere-se que os acadêmicos da área de estudos organizacionais façam um mergulho naspráticas organizacionais e sociais locais a fim de compreender como o consumidor brasileirovem sendo produzido a partir da recodificação de seu cenário cultural. Finalmente, afirma-seque o foco no consumo como chave principal de compreensão da sociedade brasileiraapresenta-se como necessário nesse novo estágio do capitalismo de consumo e que talcontribuição, se encampada pela área de estudos organizacionais, pode permitir que esta seapresente como produtora de conhecimento original junto ao debate internacional do campo.
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