EnANPAD 2011

Trabalhos apresentados


Academia fragmentada: Quais os indícios da incomensurabilidadei?


Informações

Código: EOR346
Divisão: EOR - Estudos Organizacionais
Tema de Interesse: Tema 06 - Estudos Críticos e Práticas Transformadoras em Organizações

Autores

Daniel Calbino Pinheiro

Resumo

O presente trabalho teórico inicia relatando um conflito aparentemente corriqueiro noscongressos científicos. Aborda-se um cenário na qual os sujeitos que muitas vezes apresentamposições epistemológicas semelhantes, durante os congressos, ao invés de buscar constituirbases em comum para a produção do saber, acabam por se pautarem em discussões e conflitosacalorados, marcados pela individualidade dos argumentos. Diante deste breve relato, o artigoteve por objetivo central questionar: Quais os indícios que dificultam o diálogo nacomunidade acadêmica? Além de buscar compreender alguns dos fatores que restringem acomensurabilidade, o artigo teve por objetivos secundários defender o diálogo na academia eindicar algumas diretrizes para isso. Os resultados do trabalho indicaram pelo menos quatrofatores que restringem o diálogo na academia: (i) as premissas que sustentam a teoria daincomensurabilidade. Trata-se da afirmativa que não existem medidas comuns entre osparadigmas, de modo que vivem em mundos diferentes, com “fés” mutuamente exclusivas,com diferentes vocabulários; (ii) o próprio contexto de individualismo e competitividade emque a academia se encontra. Refere-se ao argumento que o contexto da academia é marcadopela competitividade e influências de interesses de corporações, e isso faz com que osacadêmicos tenham que se submeter “as regras” para sobreviver; (iii) a pouca prática paralidar com dissidências, opiniões diferentes. Envolve a dificuldade de lidar com opiniõesdiferentes, devido ao despreparo às práticas da democracia; e (iv) a presença da vaidade.Defende-se que há no campo intelectual uma propensão ao narcisismo, à pretensão dasuperioridade fundamentada em titulações e diplomas e na busca pelo melhor argumento.Além disso, aparece a necessidade de distinção, na qual o intelectual busca constantemente sediferenciar dos seus pares. Esses fatores parecem restringir a capacidade de refletir sobre aspróprias dúvidas e limitações. Em busca de diretrizes para ampliar o diálogo, o trabalho nãoteve a pretensão de sanar todos os problemas apresentados, mas, apenas indicar algumaspossibilidades para iniciar o combate à incomensurabilidade. Dentre as propostas, foramlevantados: a) constituição de uma ética de responsabilidade. Propõe-se romper com um valorpautado no individualismo e utilitarismo para uma ética voltada para a coletividade; b) abusca pelo diálogo. Propõe-se a constituição de um argumento coletivo, pautado em rompercom a lógica de vencer a argumentação; e c) a realização da autocrítica constante. Propõe-secombater a vaidade que se apresenta muitas vezes de modo sutil na academia, refletindoconstantemente sobre as motivações e reações ao criticar e receber críticas. Espera-se assim,que o artigo venha contribuir tanto por indicar alguns dos motivos que restringem o diálogo,como também por fomentar o debate no próprio contexto acadêmico e propor novos caminhospara ampliar a comensurabilidade.

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