EnANPAD 2011

Trabalhos apresentados


O reflexo dos financiamentos para as Incubadoras Tecnológicas de Cooperativas Populares: possibilidades de desenvolvimento ou retrocessos?


Informações

Código: EOR162
Divisão: EOR - Estudos Organizacionais
Tema de Interesse: Tema 06 - Estudos Críticos e Práticas Transformadoras em Organizações

Autores

Daniel Calbino Pinheiro, Felipe Marques Carabetti Gontijo

Resumo

Desde as crises econômicas e sociais do final da década de 1980, observa-se o crescimento dediversos empreendimentos solidários que buscam socializar o capital, distribuírem as sobrasequitativamente, e realizar coletivamente a gestão. Passível também de observação é osurgimento de diversos órgãos de apoio às iniciativas solidárias, um deles as IncubadorasTecnológicas de Cooperativas Populares (ITCPs). Com a criação das Incubadoras surgiramtambém programas de financiamento voltados especificamente para o apoio das atividades deincubação. Neste sentido, o presente trabalho tem por objetivo compreender qual tem sido oreflexo dos financiamentos para as Incubadoras e como seus membros compreendem e lidamcom o tema. Utiliza-se o referencial teórico dos financiamentos nas Organizações NãoGovernamentais (ONGs) para dar suporte as Incubadoras, haja vista que essa discussão pareceainda não ter sido feita no campo. Assim, questiona-se: os financiamentos têm possibilitado aampliação da atuação das Incubadoras ou tem comprometido suas as atividades devido àscontrapartidas que exigem? Os membros das Incubadoras vêem como positivo para o fomentoda incubação ou visualizam restrições? Se visualizam restrições, buscam novas estratégias? Otrabalho teve como recorte empírico o estudo de duas Incubadoras, a ITCP/UNEB e aINCOOP/UFSCar. A respeito da orientação metodológica a pesquisa se caracterizou pelanatureza qualitativa. Como técnicas de coleta de dados foram realizadas entrevistas semiestruturadascom os membros de cada Incubadora e revisões documentais. Para o tratamentodos dados adotou-se a análise de conteúdo. Os resultados do trabalho indicam que apesar dosfinanciamentos fomentarem as atividades de incubação, também tem gerado problemas ecomprometido a qualidade, dentre os quais se constata: refluxo de membros; atividades deincubação pontuais; pouco tempo disponível para cursos de formação interna; paralisação deprojetos iniciados quando os recursos acabam ou são cortados; e burocratização/profissionalização da estrutura para adequar às exigências das agências financiadoras.Percebeu-se também que alguns membros das Incubadoras têm compreensão dos problemasapresentados e buscam soluções por meio da transformação das Incubadoras em núcleospermanentes da universidade. Os núcleos teriam um quadro fixo de profissionais e receberiarecursos freqüentes da universidade. Todavia, não se observou outras estratégias de captaçãode recursos. Por exemplo, a proposta de realizarem a incubação sem recursos aventada pelosautores nas entrevistas, é vista como algo utópico e não faz parte da pauta das Incubadoras.Uma conclusão possível é a de que mesmo que as Incubadoras estejam conscientes dosproblemas apresentados nos financiamentos, a dificuldade de se pensar novas estratégias decaptação de recursos têm comprometido a qualidade da incubação, restringido os objetivospropostos, e mantido presente a tensa relação entre dependência/autonomia com os órgãos definanciamento.

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