EnANPAD 2011

Trabalhos apresentados


Ontologia Marxista, Emancipação Humana e Estudos Organizacionais


Informações

Código: EOR270
Divisão: EOR - Estudos Organizacionais
Tema de Interesse: Tema 05 - Ontologia, Epistemologias, Teorias e Metodologias nos Estudos Organizacionais

Autores

Caio Martins, Antônio Gabriel Santana Martins

Resumo

Neste ensaio, trataremos da concepção ontológica marxiana sobre o processo deprodução do conhecimento nos estudos organizacionais. Porque Marx nunca sintetizou seuspressupostos metodológicos em uma obra específica, valemo-nos também, para consecuçãode tal objetivo, de autores que realizaram, a nosso juízo, satisfatoriamente tal síntese, entre osquais podemos destacar: G. Lukács, István Mészáros e, no Brasil, Ivo Tonet e CristinaPaniago. A partir disso, argumentamos pela possibilidade da consolidação dos EstudosOrganizacionais como campo científico particular de estudos, uma vez que as organizaçõessão complexos objetivos particulares dotado de legalidades objetivas inseridas em umcomplexo mais amplo do qual sofre e no qual põem determinações. Tendo isso por base,buscamos apreender as determinações que condicionaram o desenvolvimento daAdministração mais tradicional e difundida como um campo de estudo, destacando seuslimites ideológicos intransponíveis do ponto de vista da luta pela emancipação humana. Paraisso, a partir da discussão sobre as possibilidades, limites e necessidades que impulsionam aprodução do conhecimento humano, analisamos as características da produção teórica daAdministração. Sendo o conhecimento caracterizado como um meio insdispensável para asobjetivações humanas, imbricado, portanto, com o carácter teleológico do trabalho,destacamos que suas transformações históricas são determinadas pelas relações de classe e depoder que perpassam nossa história. É nas sociedades de classe que concepção e execuçãocindem-se de acordo com as relações de dominação socialmente estabelecidas. O campo doconhecimento da Administração é destacado por nós como originário de um tempo históricobastante específico, atendendo a necessidades de reprodução ampliada de capital. Finalmente,apresentaremos algumas características fundamentais para a produção de um conhecimentoque, inserido no campo dos Estudos Organizacionais, sirva-nos como instrumento para umapraxis de sentido emancipatório. Nesse sentido, destacamos que: se os estudosorganizacionais podem dar alguma contribuição à emancipação humana, ela resideprecisamente no fato de apreender os fenômenos organizacionais articulando-os com atotalidade social. Para tanto, os estudos organizacionais podem contribuir para a produção deum conhecimento orientador e orientado pela busca da emancipação humana. Nesse sentido,não pode a crítica produzida em tais estudos se restringir à “consertar defeitos”, devendoorientar-se para a compreensão de que as práticas organizacionais se articulam com um todosocial historicamente construído. Para nós, está claro que se a Administração cumpriu atéhoje, ao assumir o ponto de vista do capital, a função social de produção do conhecimentonecessário para a reprodução ininterrupta da sociedade capitalista. Nada nos impede deassumirmos seu ponto de vista antagônico: o ponto de vista emancipatório.

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