EnANPAD 2011

Trabalhos apresentados


O Pós-estruturalismo e os ECG: da Busca pela Emancipação à Constituição do Sujeito


Informações

Código: EOR43
Divisão: EOR - Estudos Organizacionais
Tema de Interesse: Tema 05 - Ontologia, Epistemologias, Teorias e Metodologias nos Estudos Organizacionais

Autores

Eloisio Moulin de Souza, Susane Petinelli Souza, Alfredo Rodrigues Leite da Silva

Resumo

Observa-se que os Estudos Críticos em Gestão (ECG) são formados por basesepistemológicas até mesmo divergentes. Contudo, haveria algo que seria capaz de dar umstatus de possível unicidade aos ECG? Os trabalhos de Davel e Alcadipani (2003), Alvesson eWillmott (1996) e Fournier e Grey (2006) procuraram responder a essa questão. Os autoresafirmam que, dentre outras características que serviriam como uma linha para costurar e uniros retalhos que compõem os Estudos Críticos em Gestão, a busca pela emancipação seria umacaracterística comum às correntes de pensamento que fazem parte dos ECG, unindo correntesde pensamento heterogêneas. Diante deste panorama, este artigo problematiza como aemancipação se insere na abordagem pós-estruturalismo, colocando em questão a buscaemancipatória como sendo uma característica de todas as abordagens contidas nos ECG. Paratanto, realizou-se uma pesquisa bibliográfica em estudos que discutem as principaiscaracterísticas dos Estudos Críticos em Gestão, bem como obras de pensadores pósestruturalistasque fundamentam parte destes estudos. O artigo inicia-se apresentandoargumentos desenvolvidos por autores organizacionais que defendem a existência decaracterísticas comuns que formariam os ECG. Em seguida são debatidos aspectosrelacionados ao pós-estruturalismo, analisando-se a noção de sujeito contida nessa perspectivae a sua não aderência ao projeto emancipatório. Dentro da proposta do estudo, torna-serelevante discutir sobre o que seria emancipação e qual o seu significado nos estudosorganizacionais. Nesse sentido, este artigo se contrapõe à idéia de que a busca pelaemancipação é uma característica presente em todos os ECG, pois, conforme serádemonstrado, o pós-estruturalismo rompe com a idéia de emancipação do sujeito e, assimsendo, não compartilha do projeto emancipatório presente em outras vertentes de pensamentopresentes nos ECG. O conceito de sujeito contido no pós-estruturalismo não abrepossibilidade desta perspectiva epistemológica abraçar o projeto emancipatório e trabalharcom conceitos relacionados à alienação, à dominação, e, consequentemente, à emancipação.O pós-estruturalismo define a subjetividade e, consequentemente, o sujeito como algofragmentado, descentrado, sem essência e origem (PETERS, 2000; SOUZA, 2010; CALÁS;SMIRCIH, 1999; ROLNIK, 1997a). Contudo, isto não significa que o pós-estruturalismotrabalhe com uma concepção na qual o sujeito seja completamente e unicamente determinadopor estruturas. Conforme será descrito, tanto Foucault (2002b), quanto Guattari (1992)deixam claro que pretenderam em suas obras romper com a dicotomia existente na concepçãode sujeito, na qual em um pólo encontra-se um sujeito completamente autônomo (sujeitoindividual) e do outro um sujeito determinado pelo social (sujeito coletivo). A partir dessadiscussão pretende-se contribuir para o rigor epistemológico na área organizacional, noâmbito dos Estudos Críticos em Gestão. Advoga-se que os estudiosos aproximem em seusestudos o pós-estruturalismo das demais abordagens, mas reconhecendo e se aproveitando dasdiferenças que dão sentido epistemológico a essa aproximação.

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