EnANPAD 2011

Trabalhos apresentados


As Propriedades Estéticas do Trabalho como Emanação de sua Relação com o Capital


Informações

Código: EOR168
Divisão: EOR - Estudos Organizacionais
Tema de Interesse: Tema 03 - Trabalho, Organização, Estado e Sociedade

Autores

Elcemir Paço-Cunha

Resumo

O presente ensaio explora o problema das propriedades estéticas da força de trabalhoenquanto uma mercadoria comprada e vendida na produção especificamente capitalista. Apartir do reconhecimento da limitação inerente a uma das primeiras tentativas de determinartais propriedades, o ensaio busca, por meio do método ontogenético de Lukács manifestadoem seu livro Estética, determinar as propriedades estéticas a partir de sua condição e modelofundamentais, isto é, a atividade produtiva do homem – ou simplesmente trabalho. Estadeterminação permite capturar o processo de constituição das propriedades ritmo, proporção,simetria e ornamentação a partir da própria atividade produtiva ao longo de muitas geraçõesque materializaram o relacionamento do homem com o mundo objetivo, no qual também seincluem outros seres humanos. O processo de desenvolvimento humano-social significou arelativa autonomização sem independência das propriedades estéticas em relação à atividadeprodutiva. O ensaio explora não apenas a autonomização relativa de tais propriedades, mastambém o conteúdo mais específico delas, revelando o ritmo como propriedade nascida dodesenvolvimento de determinados resultados alcançados pela produção, a simetria eproporção como propriedades nascidas do manuseio dos instrumentos de trabalho e tambémdos próprios objetos de trabalho, e a ornamentação também ligada a um princípio útil real ouimaginário que parte dos instrumentos de trabalho, dos objetos de trabalho, dos espaços dehabitação e também do corpo humano. Após a análise da constituição, conteúdo eautonomização das propriedades estéticas em relação ao trabalho transformando-se emelementos da própria esfera estética (como filmes, música, etc.), o ensaio se ocupa daexplicitação da reconversão das propriedades estéticas sobre o trabalho por mediação dodesenvolvimento científico tanto tecnológico quanto gerencial a partir da constituição dorelacionamento fundamental entre capital e trabalho. Chega-se à tese de que as propriedadesestéticas, embora tenham se autonomizado na esfera estética propriamente dita, não deixaramde ter ligação direta com a atividade diretamente produtiva e que essa ligação é, na produçãocapitalista, no processo de valorização do capital em seu interior, proporcionada pela ciênciacomo força produtiva do capital. De tal maneira, o ritmo é uma propriedade estéticareconvertida por meio da ciência acelerando o trabalho, tornando-o mais produtivo, segundoas necessidades do próprio processo de valorização; a simetria e a proporção revelam-se comopropriedades estéticas que manifestam a adequabilidade entre a força de trabalho enquantomercadoria e as necessidades da produção na qual ela será aplicada produtivamente; aornamentação revela as vestimentas, a arquitetura da produção, etc., requeridas à geração demais-valor. O ensaio conclui que as propriedades estéticas autonomizadas e reconvertidassobre o trabalho são emanação da própria relação na qual o trabalho é aplicadoprodutivamente para a geração de mais-valor e que tais propriedades se tornam uma condiçãoda reprodução da própria produção determinada da qual emana.

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