EnANPAD 2011

Trabalhos apresentados


Acesso à Saúde e Migrações Internacionais - Os Bolivianos na Cidade de São Paulo


Informações

Código: APB1579
Divisão: APB - Administração Pública
Tema de Interesse: Tema 02 - Políticas Públicas

Autores

Ana Cristina Braga Martes, Sarah Martins Faleiros

Resumo

Fluxos crescentes de migrantes internacionais nos cinco continentes colocam emdebate a responsabilização dos Estados Nacionais pela garantia de direitos sociais básicos aessas populações. Princípios não apenas de universalidade, como também de equidade, emespecial no que concerne à igual consideração no acesso aos serviços e alocação de recursos,tendem a ser incorporados tanto nos desenhos das políticas públicas quanto nas ações dosburocratas de rua voltados para atender a essa população. Esta tendência, contudo, não éexercida sem que sejam suscitadas antigas -- e sem que se criem novas – controvérsias etensões. Este trabalho busca contribuir para esse debate, por meio de uma pesquisa qualitativasobre o acesso à saúde e avaliação do atendimento de imigrantes na cidade de São Paulo.Foram realizadas vinte e seis entrevistas em profundidade com o grupo de imigrantes quemais cresce na cidade, os bolivianos, por meio de um roteiro semi-estruturado. A intermitenteinsatisfação dos brasileiros quanto ao atendimento prestado pelo Sistema Único de Saúde noBrasil torna surpreendente a constatação de que, entre os bolivianos entrevistados, os serviçosde saúde a que têm acesso são positivamente valorizados. Tal avaliação positiva, comomostraremos, só pode ser compreendida se considerada sua condição de imigrantes deprimeira geração e, assim, reconstruirmos com eles, por meio da análise de entrevistas, asnecessidades que consideram ter e o que buscam encontrar nesses serviços. Adicionalmente,revelou-se fundamental compreender a perspectiva comparativa Brasil-Bolívia, utilizada pelosentrevistados para avaliar o acesso à saúde em São Paulo. Para contextualizar os dadoscoletados, foram delineados os principais componentes institucionais dos sistemas de saúdenos dois países e apresentado um conjunto sistematizado de dados macro sociaiscomparativos entre Brasil e Bolívia. Nas considerações finais discutimos em que medida asexperiências relatadas reafirmam ou não as principais teses apresentadas na literatura sobreimigração e saúde, à luz dos achados da pesquisa de campo. Primeiramente, ressalta-se afacilidade com que os entrevistados acessam o sistema de saúde brasileiro, universal egratuito, ao contrário do que ocorre em seu próprio país de origem. Destaca-se ainda, o papeldesempenhado pelos proprietários das oficinas e, especialmente, pelos agentes comunitáriosde saúde (PSF), que aparecem como elementos facilitadores do acesso, além das redesfamiliares e de co-nacionais. A associação direta entre doença e dor física aparececonstantemente como parte das lembranças que trazem da Bolívia. A dor é atenuada com ostratamentos oferecidos no Brasil e se constitui em um dos pontos que mais se sobressaem nosdepoimentos, em função da medicação, dos tratamentos e da hospitalização neste país.

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