EnANPAD 2011

Trabalhos apresentados


O Empresariado nacional, a transição democrática brasileira e o novo pacto político


Informações

Código: APB3064
Divisão: APB - Administração Pública
Tema de Interesse: Tema 01 - Estado, Sociedade, Governo e Administração Pública

Autores

Karina Regina Vieira Bazuchi

Resumo

O objetivo central do presente artigo é abordar, através de um ensaio teórico, asseguintes questões: Por que a burguesia industrial não é ator central no pacto político que seconfigura após a transição democrática no Brasil? Como ela interage com outros atores donovo pacto político e entre si, como grupo composto por interesses comuns e divergentes?Centrais para o estudo são os conceitos de pactos políticos e burguesia industrial. Através deuma perspectiva histórica e de uma análise institucional, o trabalho é estruturado de modo aabordar desde o surgimento da burguesia industrial nacional dentro do contexto da revoluçãocapitalista brasileira até o período pós-reformas liberais dos anos 1990. As reformas dos anos90 tiveram efeitos tanto no âmbito econômico como no âmbito político, sobretudo no que dizrespeito à reconfiguração dos atores, à recomposição dos interesses e à organização de suasestratégias de representação. Consideram-se as características da composição da burguesiaindustrial no período e como ela interagia com o Estado, o capital estrangeiro e entre si,através de mecanismos de coordenação. Por fim, questiona-se o papel da burguesia industrialno novo pacto político, como ela se relaciona com o capital estrangeiro e as formas deorganização coletiva que adota. Os principais achados do presente estudo teórico indicam quea burguesia industrial caracterizou-se pelo pragmatismo doutrinário-ideológico, demonstrandoextrema flexibilidade nas sucessivas adaptações a posturas de maior ou menor alinhamentocom um papel mais ativo do Estado na defesa de estratégias nacionais. Sua fragilidadeexposta na transição democrática e na falta de protagonismo evidente durante o período dereformas pró mercado deve-se em grande parte à sua incapacidade de formular plataformasincorporando demandas de outros setores e de interagir com a burocracia estatal também deforma autônoma. Por outro lado, o desempenho dos grupos econômicos e sua inserção nosistema político evidenciam o desenvolvimento de um arranjo institucional de representaçãoparticular às instituições que se consolidaram no país. Ademais, a lógica de representação dosinteresses do empresariado sofre grande alteração no período. Se durante o nacionaldesenvolvimentismo o mercado era protegido e as estruturas oficiais de organização dosinteresses das classes tinham caráter compulsório, o novo período adota a abertura pautada nacompetição e o princípio de adesão voluntária como marco na organização da ação coletivado empresariado (Diniz e Boschi, 2003).

Abrir PDF