O presente trabalho, de cunho teórico, busca associar os diferentes sentidos da teoria e daprática do desenvolvimento às diferentes formas históricas de atuação das associações civisnas sociedades ocidentais. Para tanto, foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre osprincipais sentidos associados ao conceito de desenvolvimento, com uma análise de seuspressupostos teóricos. Desta forma, são examinadas desde as visões da CEPAL sobre arelação centro-periferia, que enfatizam as relações assimétricas do sistema de trocas mundial etêm uma visão industrialista do conceito, até as visões atuais como a perspectivaneoinstitucionalista, que na prática despreza as relações de poder e enfatiza aspectos culturaisnas discussões sobre o desenvolvimento, apesar de agregar diversas dimensões ao conceito,como a social e a política. Ao tempo em que se alteram as concepções dominantes sobre odesenvolvimento, analisaremos de que forma se alterou a compreensão da atuação dasassociações civis, que de atividades caritativas e sem poder de decisão na política mundialtornaram-se grandes estruturas profissionalizadas e de atuação internacional, destinopreferencial de recursos para o desenvolvimento e muitas vezes o braço organizacional maispróximo de comunidades carentes, apoiadas por governos nacionais, grandes empresas eassociações para o desenvolvimento. Ao contrário do que geralmente se defende, a ascensãodessas associações vai de par com a ascensão do neoliberalismo, pois o elemento que os une éa crítica aos Estados Expandidos de antes da década de 80. A partir de então, é mobilizadotodo um quadro teórico que enfatiza principalmente a força da associação cidadã enquantoquarto poder (com Toqueville) e a capacidade de desenvolvimento econômico e social a partirdas relações de confiança criadas/reproduzidas pelas associações (com Putnam). A teoria decustos de transação (Williamson) e as idéias de Estado mínimo e Estado Gerencial (Rezende eBresser Pereira) são também mobilizadas no argumento. Argumentamos que a atuação dessasorganizações pode pois tornar-se utilitária para as perpectivas de desregulamentação social doneoliberalismo, uma vez que ao invés de representarem formas de participação de camadasexcluídas da discussão da coisa pública, podem também representar ferramentas dedominação social. No caso do Brasil, mesmo se o Governo Lula prega uma maiorparticipação da sociedade na discussão da coisa pública, através de conselhos, fóruns econsultas, o poder decisório é mantido no centro, e um movimento de privatização dosserviços sociais (através das organizações sociais, por exemplo) é posto em prática.